SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar aumentou 0,24% e fechou a sexta-feira (26) cotado a R$ 5,544, após o feriado de Natal no Brasil.
A moeda oscilou entre R$ 5,587 na máxima e R$ 5,518 na mínima, com dois leilões do Banco Central para aumentar a liquidez.
A Bolsa esteve praticamente estável, com leve alta de 0,03%, alcançando 160.518 pontos.
O destaque do dia foi a carta do ex-presidente Jair Bolsonaro, na qual ele apoia a candidatura do filho Flávio Bolsonaro para a Presidência em 2026.
Na carta escrita à mão, Bolsonaro menciona “continuidade” e as batalhas que enfrenta. Ele cumpre pena na Polícia Federal de Brasília por tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro declarou: “Diante desse cenário de injustiça, e com o compromisso de não permitir que a vontade popular seja silenciada, tomo a decisão de indicar Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência da República em 2026″.
A subida de Flávio nas pesquisas preocupa o mercado, pois pode dividir a oposição ao governo Lula (PT), facilitando a reeleição do atual presidente.
Segundo a pesquisa Bloomberg/AtlasIntel divulgada na quinta-feira (18), o senador tinha 21,3% das intenções de voto, Tarcísio de Freitas (Republicanos) 15%, e Lula liderava com 47,9%.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirma que o mercado vê Flávio como competitivo para o segundo turno, mas com dúvidas sobre sua vitória. Ele acredita que candidatos mais moderados atraem votos centristas.
Flávio Bolsonaro não tem perfil moderado, afastando eleitores do centro, o que fortalece a continuidade do atual governo, que tem gastos públicos mais altos.
Rubens Cittadin Neto, especialista da Manchester Investimentos, destaca que o mercado foca na política fiscal após 2027 mais do que no candidato eleito.
Uma vitória da oposição poderia reduzir os gastos públicos e possibilitar uma queda na taxa Selic, impulsionando o mercado de ações.
Com a oposição dividida entre Flávio e Tarcísio, o mercado tem ajustado suas apostas, cancelando operações que esperavam alta dos ativos com a vitória do governador de São Paulo.
Por ser um período com pouca liquidez, explica Cruz, qualquer notícia pode gerar volatilidade.
No câmbio, o Banco Central realizou dois leilões de linha às 10h30, vendendo US$ 2 bilhões com compromisso de recomprar em 2026.
Essas vendas ajudam a controlar a pressão sobre o dólar, especialmente no fim do ano, quando empresas enviam divisas para o exterior para pagamento de dividendos, antecipando-se à nova tributação.
Em janeiro, começa a cobrança de 10% sobre remessas ao exterior e sobre dividendos acima de R$ 50 mil por mês.
O BC também divulgou que as concessões de crédito caíram 6,6% em novembro comparado a outubro, mas o estoque total subiu 0,9% para R$ 6,972 trilhões.
No mercado internacional, Hong Kong, Austrália e a maior parte da Europa estavam fechados por Natal. Marcio Riauba, chefe da mesa da StoneX Banco de Câmbio, observa que a liquidez está baixa e o dólar segue firme frente a outras moedas.

