O dólar fechou o dia com alta de 0,39%, cotado a R$ 5,3385, após atingir 5,3476. A expectativa pelo relatório de emprego dos EUA, que será divulgado amanhã, junto ao feriado local, deixou o mercado mais cauteloso e com menos negociações. A forte queda do petróleo e a possível saída de investimentos da bolsa brasileira também influenciaram a valorização do dólar.
Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, comenta que o mercado está atento aos dados atrasados da economia americana e ao Federal Reserve, que parece estar sinalizando uma pausa nos cortes de juros. À noite, será divulgado o balanço da Nvidia, importante empresa do setor de Inteligência Artificial.
O Departamento de Estatística do Trabalho dos EUA informou que o relatório oficial de emprego de outubro não será divulgado, e o de novembro foi adiado devido à paralisação do governo americano, o que dificulta as decisões do Fed.
Sem esses dados, o Federal Reserve deve manter os juros inalterados em dezembro, após duas reduções consecutivas. As chances disso aumentaram após o anúncio do adiamento dos relatórios oficiais.
Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, afirma que a falta de dados completos do mercado de trabalho deve levar o Fed a manter os juros, o que fortalece o dólar.
O índice DXY, indicador do dólar frente a outras moedas fortes, superou 100 pontos, indicando valorização. Dólar também avançou sobre moedas emergentes como o rand sul-africano.
A ata da última reunião do Fed mostrou que a maioria dos membros está inclinada a manter a taxa de juros nos níveis atuais, pois consideram que a inflação permanece alta e que não é o momento adequado para novas quedas.
Embora o dólar tenha ultrapassado R$ 5,30 recentemente, ele recua 0,78% em novembro e cai 13,62% no ano frente ao real, que está entre as moedas latino-americanas com melhor desempenho.
Roberto Secemski, economista-chefe do Barclays para o Brasil, destaca que o real tem se beneficiado de um cenário externo favorável e da postura rigorosa do Banco Central brasileiro. Ele pondera que o fluxo cambial no final do ano pode ser negativo, devido a expectativas de maior saída de recursos pela taxação de dividendos a partir do próximo ano.
O Banco Central informou que até o dia 14 de novembro o fluxo cambial está negativo em US$ 3 bilhões, sendo que o fluxo financeiro apresenta saídas líquidas, enquanto o comercial é positivo.
Bolsa
O Ibovespa tem apresentado quedas nesta semana, em meio à véspera do feriado, e fechou em baixa de 0,73% nesta quarta-feira, com ajustes técnicos após sequência de alta. Apesar disso, o índice ainda acumula ganhos no mês e no ano.
Algumas ações apresentaram perdas significativas como MBRF, Minerva e Cemig, enquanto outras como Pão de Açúcar, Smart Fit e Embraer tiveram valorização.
Análises técnicas indicam que o Ibovespa está em tendência de alta de curto prazo, com suporte e resistência definidos, podendo apresentar correções rápidas se houver queda persistente.
Thiago Duarte, analista da Axi, alerta que apesar do otimismo recente, o Brasil ainda enfrenta desafios estruturais que podem limitar o crescimento sustentável. Contudo, lucros corporativos sólidos e estabilidade do real oferecem suporte ao mercado acionário no curto prazo.
Juros
Os juros futuros tiveram uma leve queda em meio a um pregão de baixa liquidez, com investidores aguardando dados importantes. As taxas para contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) oscilaram pouco no fechamento.
A ata do Fed reforça que a decisão sobre os juros em dezembro ainda depende dos dados econômicos, que estão incompletos devido à paralisação do governo americano. O comitê está dividido entre manter ou reduzir a taxa, já que a inflação segue elevada.
Marcos Praça, diretor de análise na Zero Markets Brasil, enfatiza que o mercado acredita em manutenção dos juros pela ausência de dados recentes, enquanto Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, ressalta que o cenário pode mudar conforme novos dados forem divulgados.
No Brasil, a inflação deve seguir desacelerando, com revisão para baixo da projeção de alta do IPCA para 2025 feita pelo Barclays, devido à evolução favorável dos preços de alimentos e produtos industriais, embora os serviços ainda apresentem resistência.
Estadão Conteúdo
