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sexta-feira, 31/10/2025

Dólar sobe 0,40% com dúvidas sobre ação do Fed

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O dólar valorizou-se em relação ao real nesta quinta-feira, acompanhando o movimento da moeda americana no mercado internacional. Os investidores ajustaram suas expectativas sobre as futuras decisões do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, após o presidente Jerome Powell ter afirmado que um novo corte nos juros em dezembro não é garantido.

A postura mais cautelosa do Fed depois de duas reduções consecutivas na taxa básica americana chamou a atenção do mercado, diminuindo a importância do acordo comercial anunciado entre os Estados Unidos e a China, que já era amplamente esperado.

O dólar à vista oscilou entre R$ 5,3700 e R$ 5,3955 e fechou com alta de 0,40%, cotado a R$ 5,3812. Embora tenha avançado em outubro, a moeda ainda registra perda semanal de 0,21%. Na sexta-feira, é esperada uma maior volatilidade devido à formação da última taxa Ptax do mês.

Eduardo Aun, gestor de fundos da AZ Quest, explicou que as declarações de Powell indicam uma divisão entre os membros do Fed quanto a um novo corte de juros, o que fez com que o mercado revisasse as expectativas de relaxamento monetário, impulsionando o dólar e a curva de juros americana para cima.

Ele ainda destacou que o dólar se fortaleceu frente a moedas de países desenvolvidos, e que a recente comunicação do Fed acelerou esse movimento, afetando também algumas moedas emergentes.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes, subiu cerca de 0,30% no final da tarde, chegando a quase 99,724 pontos. O iene japonês sofreu perdas superiores a 0,90% após o Banco do Japão manter sua taxa de juros inalterada.

Cristiane Quartaroli, economista do Ouribank, afirmou que o mercado está reagindo ao tom mais firme de Powell, que sinaliza uma possível pausa na redução dos juros, mesmo após o anúncio do acordo entre China e Estados Unidos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que planeja reduzir tarifas de importação sobre produtos chineses de 57% para 47%, enquanto a China prometeu limitar o envio de substâncias químicas usadas na produção de fentanil para os EUA.

Além disso, Trump afirmou que a China concordou em manter o fluxo aberto e livre das terras raras e minerais críticos. O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que os documentos oficiais do acordo devem ser assinados na próxima semana.

Eduardo Aun ressaltou que o mercado já havia precificado o encontro dos presidentes dos EUA e da China, refletindo em melhores resultados para moedas emergentes e bolsas ao redor do mundo.

Bolsa

O Ibovespa perdeu os 149 mil pontos e reduziu o ritmo de alta após o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de setembro mostrar a criação de vagas acima do esperado, gerando dúvidas sobre o momento de cortes nos juros pelo Banco Central (BC). Apesar disso, o índice conseguiu superar quedas nas bolsas de Nova York e bateu recorde pelo quarto dia consecutivo, impulsionado pelo acordo sino-americano e pela temporada de balanços.

O Ibovespa fechou com alta de 0,10%, aos 148.780 pontos, após oscilar entre perdas e ganhos durante o dia. O volume financeiro foi de R$ 20,82 bilhões.

A pesquisa do IGP-M de outubro, com queda de 0,36%, maior do que a expectativa, ajudou o mercado a focar em cortes futuros na taxa Selic.

Gabriel Mollo, analista da Daycoval, afirmou que a queda do IGP-M estimulou os investidores a assumir mais riscos, antecipando cortes nos juros para o final do ano ou início de 2025.

No entanto, o resultado do Caged mostrou abertura de 213 mil vagas, acima da mediana das projeções, especialmente no setor de serviços, dificultando uma curva de juros mais baixa e pressionando a Bolsa.

Felipe Tavares, economista da BGC Liquidez, destacou que a maior criação de empregos no setor de serviços traz preocupação para o Banco Central e afeta o mercado acionário.

Já o economista Ian Lopes, da Valor Investimentos, acredita que o acordo comercial entre EUA e China também abre espaço para um entendimento entre os presidentes Donald Trump e Lula, incentivando o Ibovespa a bater novos recordes.

Juros

Após declarações do Fed reduzindo expectativas de novos cortes nos juros americanos, e diante dos dados robustos do Caged, os juros futuros negociados na B3 ganharam força, com destaque para as taxas de curto prazo, que alcançaram máximas intradiárias.

Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para os anos de 2027 a 2031 tiveram alta, acompanhando o movimento externo e a oferta relevante de títulos prefixados em leilão do Tesouro.

Os números do Caged mostraram a abertura de 213 mil empregos formais em setembro, superando as expectativas. Todos os grandes setores registraram saldos positivos, com o setor de serviços na liderança.

Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG, comentou que os dados do mercado de trabalho impulsionaram as taxas de juros, mas a precificação para cortes na Selic mudou pouco, com chances de redução caindo ligeiramente.

O banco Daycoval indicou que a criação de empregos acelera marginalmente considerando a média móvel trimestral, entretanto, o mercado de trabalho ainda mostra sinais de enfraquecimento.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, avaliou que o mercado ainda se ajusta após o discurso de Powell na quarta-feira, que descartou o corte adicional de juros em dezembro, surpreendendo investidores que esperavam três cortes em 2025.

No âmbito fiscal, o mercado acompanha o Projeto de Lei Nacional 1/2025, que propõe mudanças na isenção do Imposto de Renda e execução da meta fiscal, embora o debate fiscal esteja menos presente e adiado para 2027.

Este é um resumo das atuais movimentações no mercado financeiro, refletindo incertezas e ajustes frente às políticas monetárias nos Estados Unidos e indicadores domésticos.

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