SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar abriu estável nesta quinta-feira (13), enquanto investidores reagem ao fim da paralisação do governo dos Estados Unidos. O Congresso aprovou um pacote financeiro que assegura o pagamento dos salários dos servidores e o auxílio-alimentação.
Às 9h06, o dólar caiu levemente 0,05%, cotado a R$ 5,2904. No dia anterior, a moeda havia subido 0,35%, cotada a R$ 5,292, após uma série de cinco quedas consecutivas. Esse comportamento mostra que os investidores procuram segurança com o encerramento da paralisação.
O acordo aprovado por 222 votos a 209 encerrou a mais longa paralisação da história dos EUA. Ele permite que programas de assistência alimentar sejam restabelecidos, salários de servidores pagos e o sistema de controle do tráfego aéreo funcione novamente.
Horas depois, o presidente Donald Trump sancionou o pacote, garantindo que os funcionários federais retornem ao trabalho nesta quinta-feira. No entanto, ainda não está claro a velocidade com que os serviços do governo irão voltar ao normal.
Donald Trump afirmou durante a cerimônia de assinatura: “Não podemos deixar isso acontecer de novo. Não é assim que se governa um país.”
O projeto, aprovado pelo Senado na segunda-feira (10), vai financiar o governo até 30 de janeiro e mantém o crescimento da dívida pública dos EUA, que já soma US$ 38 trilhões, aumentando cerca de US$ 1,8 trilhão por ano.
A expectativa é que os serviços públicos sejam restabelecidos nos próximos dias e que as restrições no tráfego aéreo sejam reduzidas gradualmente.
No mercado exterior, a moeda americana subiu 0,55%, refletindo a reação positiva ao fim da paralisação. Já o índice Ibovespa teve leve queda de 0,07%, influenciado pela queda das ações da Petrobras.
As ações da estatal petrolífera recuaram devido ao receio de excesso de oferta no setor e à queda do preço internacional do petróleo Brent, que caiu quase 4%, conforme relatório da Opep indicando um superávit para 2026.
Otávio Araújo, consultor da Zero Markets Brasil, explicou que a queda da Bolsa tem relação com a realização de lucros após 12 dias seguidos de alta recorde. “O mercado precisa de ajustes com vendas e gestão de risco”, comentou.
Bernardo Viero, analista da Suno Research, concorda que podem ocorrer correções de curto prazo, mas acredita que os resultados das empresas continuarão impulsionando o mercado para cima.
Segundo Bruno Shahini, especialista da Nomad, o dólar está em ajuste, pois os investidores esperam a retomada de indicadores econômicos nos EUA, o que gera cautela e reduz posições após a valorização do real.
O fim da paralisação traz a promessa de normalidade para os mercados, pois a interrupção de 43 dias afetou a divulgação de dados econômicos importantes, como inflação e desemprego, dificultando as decisões do banco central dos EUA sobre a política de juros.
Leonel Mattos, da StoneX, destacou que o fim da paralisação ajudará investidores a entenderem melhor a economia americana, pois as agências retomarão a publicação de dados importantes.
Fernanda Campolina, da One Investimentos, acredita que com o fim da paralisação o Fed se sentirá mais confortável para cortar juros ainda em 2025, beneficiando mercados emergentes como o Brasil.
No Brasil, o diferencial de juros continua atraente para investidores, pois mesmo com a queda da taxa nos EUA, a Selic permanece alta, favorecendo operações conhecidas como “carry trade”.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a autarquia não sinalizou mudanças na política de juros e que decisões serão baseadas em dados. Ele garantiu: “Não há tergiversação sobre nosso mandato de perseguir a meta de inflação.”
A ata da última reunião do Copom indica que a manutenção da taxa básica de juros em 15% por um período prolongado é vista como suficiente para controlar a inflação.
