O dólar começou a sexta-feira com pouca variação no Brasil. Lá fora, a moeda americana está um pouco mais fraca, pois há expectativa de que o Federal Reserve continue reduzindo os juros nos próximos meses. No entanto, a paralisação parcial do governo dos EUA dificulta o trabalho dos investidores, pois suspende a divulgação de dados econômicos importantes.
Por volta das 9h05, o dólar estava em leve alta de 0,12%, cotado a R$ 5,346 para venda.
No dia anterior, a moeda fechou em alta de 0,21%, a R$ 5,339, enquanto a Bolsa caiu forte, 1,07%, para 143.949 pontos.
Na Câmara dos Deputados, foi aprovada por unanimidade a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês, uma promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O projeto ainda precisa ser analisado pelo Senado e deve começar a valer em 2026.
Além da isenção, quem ganha entre R$ 5.000 e R$ 7.350 terá desconto no imposto. A mudança deve beneficiar até 16 milhões de brasileiros e custar cerca de R$ 31,2 bilhões no próximo ano, segundo o deputado Arthur Lira, relator do projeto.
Para cobrir essa perda de receita, o governo propôs criar um imposto mínimo de 10% para quem tem renda alta. Cerca de 141 mil pessoas que pagam uma alíquota efetiva média de 2,5% serão afetadas por essa regra.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende a medida e acredita que o projeto trará justiça tributária e equilíbrio fiscal.
A desconfiança do mercado vem do medo de que essa reforma possa afetar as contas públicas, aumentando o gasto público e a inflação.
O economista Ian Lopes explica que o dinheiro extra que as pessoas vão receber provavelmente será gasto, não guardado. Isso pode aumentar a demanda por produtos e serviços, pressionando os preços para cima.
Por causa disso, o Comitê de Política Monetária (Copom) pode manter a taxa Selic em 15% ao ano por mais tempo, o que impacta a atração por investimentos na Bolsa e favorece a renda fixa.
A queda do índice Ibovespa hoje foi influenciada pela aprovação da isenção do IR e também pelos acontecimentos no governo dos Estados Unidos. O economista Ian Lopes destaca que o presidente Donald Trump tem aumentado a tensão política lá fora.
O governo dos EUA está parcialmente parado devido à falta de acordo no Congresso para financiar serviços essenciais. Isso fez com que várias atividades, como pesquisas científicas e relatórios importantes de emprego, fossem interrompidas.
Essa situação dificulta a avaliação da economia americana, que serve de base para as decisões sobre juros do Federal Reserve e influencia investimentos globais.
O Fed começou a cortar juros em setembro e depende dos dados econômicos para decidir os próximos passos. A paralisação do governo americano reduz a confiabilidade e a disponibilidade desses dados, aumentando a incerteza.
O diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, alerta que a falta do relatório de emprego é preocupante para os investidores.
Sem o relatório tradicional, o mercado está de olho em outras informações, como a estimativa do Fed de Chicago, que prevê uma taxa de desemprego de 4,3% em setembro.
Essa estimativa é divulgada duas vezes por mês para ajudar as autoridades a entender o mercado de trabalho, embora não substitua o relatório oficial. A previsão indica que o emprego está estável até agora.
Os mercados continuam apostando em cortes de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do Fed nas próximas reuniões, previstas para outubro e dezembro.