SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar iniciou o dia praticamente estável na quarta-feira (25), enquanto os investidores monitoravam as notícias sobre o conflito entre Israel e Irã e aguardavam os dois leilões simultâneos promovidos pelo Banco Central pela manhã.
Às 9h05, a moeda americana apresentava uma leve queda de 0,01%, sendo cotada a R$ 5,5191. O Banco Central planeja realizar dois leilões entre 9h30 e 9h35 no mercado de câmbio: um leilão à vista com oferta de US$ 1 bilhão e um swap reverso com 20 mil contratos, também equivalentes a US$ 1 bilhão.
Na terça-feira (24), o dólar finalizou a sessão com alta moderada de 0,26%, a R$ 5,518, mantendo-se abaixo de R$ 5,50 durante a maior parte do dia, em meio a investidores que aproveitaram cotações mais baixas para adquirir a moeda.
O cenário global seguiu marcado por incertezas quanto ao cessar-fogo no Oriente Médio, enquanto o tom firme da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indicava necessidade de juros elevados por um período prolongado.
A valorização do dólar no Brasil contrariou a queda generalizada da moeda americana no exterior. O índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas, recuava 0,46%, a 97,94, ao término do pregão. A bolsa de valores teve alta de 0,44%, atingindo 137.164 pontos, puxada pelo desempenho positivo dos mercados asiáticos, europeus e americanos.
Nas primeiras horas, às 9h, o dólar atingiu a cotação mínima do dia de R$ 5,475, uma queda de 0,52%, estabilizando-se em seguida com pouca variação durante a sessão. Por volta das 11h40, voltou a marcar o menor valor do dia.
O mercado mostrava otimismo diante do acordo de cessar-fogo anunciado entre Israel e Irã, embora este tenha sofrido recentes violações.
Segundo Cristiane Quartaroli, economista chefe do Ouribank, a estabilidade no câmbio refletiu a expectativa em meio às tensões entre Irã, Israel e Estados Unidos. “O fator incerteza gera cautela e uma postura de espera no mercado”, afirmou.
Para Rodrigo Moliterno, responsável pela renda variável na Veedha Investimentos, o mercado reagiu positivamente à trégua, mesmo com o acordo abalado. “A violação foi um último suspiro e o cessar-fogo parece ser o próximo passo a ser consolidado”, explicou.
Contudo, a estabilidade do dólar não se manteve até o encerramento da sessão. Às 15h59, a moeda atingiu máxima diária com alta de 0,34%, cotada a R$ 5,523, fechando pouco abaixo.
O anúncio da trégua ocorreu após o fechamento dos mercados na véspera, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, comunicou uma pausa de 24 horas no conflito, após 12 dias de confronto.
“Parabéns a todos! Israel e Irã concordaram com um cessar-fogo completo e total”, escreveu Trump em sua rede social Truth Social.
O cessar-fogo comenzó na madrugada de terça, mas sofreu interrupções, com relatos de ataques logo após o anúncio. Trump criticou ambos os países pela violação, demonstrando insatisfação especialmente com Israel.
A fragilidade do acordo era esperada, tornando o futuro incerto, com a expectativa de redução das tensões ou possível retorno dos confrontos.
Além do contexto internacional, investidores focaram nas declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, que afirmou ser muito cedo para avaliar impactos econômicos do conflito no Oriente Médio. Powell também descartou cortes de juros nas próximas reuniões do Fed.
No cenário global, se aproxima o fim da pausa para tarifas amplas dos EUA prevista para o início de julho. O governo Trump mantém negociações com parceiros como Japão e União Europeia, e novidades nas disputas comerciais poderão influenciar os mercados.
Internamente, o mercado analisou a ata da última reunião do Copom, que elevou a taxa Selic para 15% ao ano, destacando a intenção de manter juros elevados por período significativo para controlar a inflação.
Cristiane Quartaroli comentou que essa postura pode favorecer uma tendência de valorização do dólar no Brasil, dado o cenário econômico que exige juros mais altos para alcançar a meta de inflação de 3% até o final de 2026.
Além disso, os investidores estarão atentos aos dados do IPCA-15 de junho, divulgados na quinta-feira (26), que oferecem uma prévia da inflação oficial do mês.