O dólar manteve-se praticamente estável nesta segunda-feira (24), refletindo as expectativas de que o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, deve reduzir as taxas de juros em dezembro.
No Brasil, os investidores estão atentos à repercussão política após a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorrida no último sábado (22). Também está no radar a participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em um evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Por volta das 12h27, o dólar estava cotado a R$ 5,398, com queda de 0,07%. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a outras seis moedas, avançava 0,06%. Enquanto isso, a Bolsa de Valores subiu 0,42%, alcançando 155.427 pontos.
No Brasil, o foco permanece no cenário político e nas ações das autoridades. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou por unanimidade a manutenção da prisão do ex-presidente Bolsonaro. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, justificou a decisão apontando a violação da tornozeleira eletrônica por parte de Bolsonaro e o risco de fuga durante uma vigília organizada pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.
Bolsonaro admitiu ter tentado romper a tornozeleira eletrônica usando um ferro de solda. Seus advogados expressaram surpresa em relação à prisão, que foi baseada na vigília de orações, mas não comentaram a tentativa de violação da tornozeleira.
Segundo Otávio Araújo, consultor da Zero Markets Brasil, o mercado financeiro local está tranquilo em relação à prisão de Bolsonaro, pois o fato já estava previsto pelos investidores. Sua maior preocupação está relacionada às possíveis consequências eleitorais e à sucessão política no campo da direita, que podem influenciar os preços dos ativos no futuro.
A expectativa também está na presença do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, no evento da Febraban, aguardando sinais sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano. A previsão é de manutenção da taxa em 2025, com possibilidade de redução para 12% em 2026.
O diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos tem atraído investimentos para o país, ajudando a manter o dólar em níveis mais baixos.
No cenário internacional, o mercado segue atento à política do Fed, que pode reduzir a taxa de juros para um intervalo entre 3,50% e 3,75% em dezembro, como indicam as apostas atreladas à ferramenta FedWatch. A política monetária dos EUA influencia globalmente: altas taxas atraem investidores para títulos considerados seguros, como os títulos do Tesouro, enquanto reduções nas taxas incentivam investimentos em outras áreas.
Comentários recentes de John Williams, diretor do Fed em Nova York, indicam que é possível reduzir os juros sem prejudicar a meta de inflação, ao mesmo tempo em que se protege o mercado de trabalho.
Dados recentes mostram que a economia dos EUA gerou 119 mil novos empregos em setembro, superando as expectativas. Este relatório, conhecido como payroll, reforça a percepção de um mercado de trabalho forte, trazendo preocupações sobre pressões inflacionárias.
Especialistas ressaltam que o desempenho do payroll e indicadores econômicos que serão divulgados em breve, como o PIB e o núcleo do índice de preços PCE, serão fundamentais para definir se haverá novos cortes nas taxas pelo Fed em dezembro.
