FOLHAPRESS
O dólar está praticamente sem variação nesta terça-feira (28), enquanto os investidores aguardam a decisão sobre os juros do Fed (Banco Central dos Estados Unidos) que será anunciada amanhã.
Além disso, o mercado está atento às negociações comerciais entre o presidente Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping, que devem se reunir na quinta-feira.
Por volta das 12h19, o dólar caiu 0,11%, cotado a R$ 5,363, oscilando durante o dia. A Bolsa de Valores, por sua vez, subiu 0,34%, atingindo 147.478 pontos, após bater um recorde histórico no fechamento do dia anterior.
O comitê responsável pela política monetária do Fed começou a discutir as taxas de juros dos Estados Unidos hoje, com reunião que dura dois dias e decisão prevista para ser divulgada na quarta-feira às 15h (horário de Brasília).
O mercado espera um corte na taxa de juros, atualmente entre 4% e 4,25%. Segundo a ferramenta CME FedWatch, há quase 100% de chance de uma redução de 0,25 ponto percentual, repetindo o corte da última reunião.
O Fed tem dois objetivos principais: manter o emprego em alta e a inflação em torno de 2% ao ano.
No momento, o banco central enfrenta o desafio de equilibrar esses dois aspectos, pois dados mostram que o mercado de trabalho está esfriando, com aumento nos pedidos de auxílio-desemprego, mesmo com atrasos na divulgação de algumas estatísticas oficiais devido à paralisação do governo.
Por outro lado, a inflação está subindo, com aumento de 3% no índice oficial nos últimos 12 meses até setembro.
Taxas de juros altas costumam reduzir o consumo, ajudando a controlar a inflação, mas também podem prejudicar o mercado de trabalho. Já juros baixos favorecem o emprego, mas podem causar alta na inflação.
Na última decisão, o Fed indicou que os riscos são maiores para o mercado de trabalho do que para a inflação, o que levou ao corte de 0,25 ponto percentual. O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que essa posição permanece, o que reforça a expectativa de novo corte.
Julia Coronado, especialista e ex-economista do Fed, destaca: “Um corte de juros em outubro é certo. Ainda existem riscos de queda no mercado de trabalho.”
Reduções nos juros dos EUA costumam beneficiar os mercados globais, pois a economia americana é vista como a mais forte do mundo, e seus títulos são investimentos considerados seguros.
Quando os juros americanos estão altos, investidores preferem os títulos do Tesouro, afastando recursos de outros mercados. Com juros mais baixos, aumenta o interesse por investimentos diversificados.
No Brasil, a diferença entre juros ajuda a atrair investidores. Se os juros dos EUA caem e a Selic permanece alta, é vantajoso para quem usa a estratégia de “carry trade”, que consiste em pegar empréstimos a juros baixos para investir em mercados com juros altos, como o brasileiro. Isso faz com que o real se valorize e o dólar se desvalorize.
Além disso, a possibilidade de acordo entre EUA e China estimula o mercado. Trump afirmou que os dois países estão prontos para resolver o conflito sobre exportação de terras raras da China, que estava limitado pelo governo chinês recentemente.
Trump também ameaçou cobrar sobretaxas de 100% sobre produtos chineses, enquanto os líderes se preparam para se encontrar na Coreia do Sul.
Trump declarou ter muito respeito pelo presidente Xi Jinping e acredita que um acordo será alcançado.
Apesar das esperanças, os mercados globais seguem cautelosos. As ações na China e Hong Kong fecharam em baixa nesta terça-feira: o índice de Xangai caiu 0,22%, o CSI300 recuou 0,51% e o Hang Seng caiu 0,33%.
A situação parece um déjà vu: as declarações de uma possível trégua animam os investidores, mas existem receios de que o acordo final possa ser menos vantajoso do que esperado.
Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, conversou com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.
Pequim deseja encontrar um meio-termo para preparar encontros de alto nível entre os dois países, conforme comunicado oficial do governo chinês.
Wang Yi destacou que Xi Jinping e Trump têm longa relação de respeito mútuo, o que é considerado um ponto positivo para as negociações.
O avanço nas relações depende do compromisso de ambos para resolver conflitos pelo diálogo, sem usar pressão arbitrária, complementou.

