SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar começou o dia próximo da estabilidade nesta sexta-feira (24), com investidores atentos aos dados de inflação divulgados no Brasil e nos Estados Unidos.
Às 9h23, o dólar mostrava ligeira alta de 0,05%, cotado a R$ 5,388. Na quinta-feira, a moeda caiu 0,21%, fechando a R$ 5,385, enquanto a Bolsa subiu 0,58%, atingindo 145.720 pontos.
Hoje pela manhã, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação medida pelo IPCA-15 caiu para 0,18% em outubro, ante 0,48% em setembro, a menor taxa para outubro dos últimos três anos.
Esse índice ficou abaixo da mediana das projeções do mercado, que era de 0,21%, segundo a agência Bloomberg. O IPCA-15 aponta a tendência para o resultado do IPCA completo.
No cenário internacional, os investidores aguardam os dados da inflação dos EUA, medidos pelo CPI (índice de preços ao consumidor), que serão divulgados também nesta manhã.
Espera-se que o CPI de setembro mostre alta anual de 3,1%, indicando uma aceleração que dificulta o trabalho do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) de atingir a meta de 2% ao ano.
Embora o Fed prefira olhar o índice PCE para a inflação, este relatório recebe atenção especial devido à paralisação parcial do governo dos EUA, que suspendeu várias divulgações de dados econômicos até que seu orçamento seja regularizado.
Desde o início do shutdown, no começo do mês, o Fed tem enfrentado dificuldades para avaliar a economia por falta de dados oficiais. Jerome Powell, presidente do Fed, reconheceu que essa situação pode complicar a política monetária no futuro, mas até agora o banco tem usado outras informações para entender o cenário econômico.
O comitê do Fed se reunirá entre 28 e 29 de outubro e o mercado espera mais um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, que atualmente está entre 4% e 4,25%, após o corte recente de 0,25 ponto.
A expectativa de cortes futuros é reforçada pela desaceleração do mercado de trabalho, vista como um risco para a economia, conforme a opinião de Julia Coronado, especialista em pesquisa econômica e ex-economista do Fed.
Quando o Fed reduz os juros, isso geralmente traz notícias positivas para os mercados internacionais, já que os investimentos em títulos do Tesouro dos EUA, considerados muito seguros, tornam-se menos atraentes, estimulando a diversificação em outros mercados.
No Brasil, essa situação favorece os investimentos locais devido ao diferencial de juros: com juros baixos nos EUA e a Selic alta no Brasil, investidores aproveitam a diferença para aplicar no país, o que fortalece o real e pressiona o dólar para baixo.
José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos, comentou que se o CPI não mostrar aumento forte e o Fed cortar juros na próxima semana, o real deve se valorizar, aproximando o dólar de R$ 5,30.
Por aqui, o Copom mantém a taxa Selic alta, em 15% ao ano, o maior nível em quase vinte anos, para combater a inflação e as expectativas elevadas, conforme última reunião do Banco Central.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, reafirmou que a inflação e suas expectativas ainda estão acima das metas, mas destacou que o Banco Central age rapidamente e com firmeza para controlar os preços.
Ele não estabeleceu prazo para a inflação alcançar a meta de 3% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, lembrando que o IPCA ideal fica entre 1,5% e 4,5%. A pesquisa Focus indica que o IPCA deve fechar em 4,70% e que a meta não será alcançada até 2028.
Os investidores também acompanham o tema das contas públicas. O governo está buscando soluções para o orçamento após o Congresso rejeitar a medida provisória dos impostos no começo do mês.
Conforme informou o ministro Fernando Haddad (Fazenda), o Executivo dividirá as medidas compensatórias em dois projetos de lei: um focado no controle de despesas, com impacto estimado em R$ 20 bilhões, e outro sobre aumento de impostos em apostas esportivas, fintechs e Juros sobre Capital Próprio, que pode gerar R$ 8,3 bilhões em 2025.
Na mesma linha de eventos, nesta quinta-feira, o presidente Lula confirmou sua candidatura à reeleição no próximo ano, afirmando que apesar de sua idade, mantém a mesma energia de quando tinha 30 anos e vai disputar um quarto mandato, durante evento na Indonésia.
