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quinta-feira, 30/10/2025

Dólar e Bolsa crescem após Trump anunciar acordo com China

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FOLHAPRESS

O valor do dólar aumentou nesta quinta-feira (30), após o anúncio do acordo comercial entre os Estados Unidos e a China.

O governo do Donald Trump se comprometeu a reduzir as tarifas sobre produtos chineses para cerca de 47%, uma queda de aproximadamente 10 pontos percentuais. Em contrapartida, Pequim prometeu pausar os controles de exportação sobre terras raras e se empenhar para interromper o fluxo de fentanil, um opioide sintético que é a principal causa de mortes por overdose nos EUA.

Este acordo acontece após a recente decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), que também influencia negociações globalmente.

Às 11h58, o dólar havia subido 0,47%, atingindo R$ 5,383. A Bolsa, por sua vez, avançava 0,33%, chegando a 149.126 pontos, em rota para manter seu recorde pelo quarto dia consecutivo.

Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping se reuniram nesta quinta-feira em Busan, Coreia do Sul, para discutir as relações comerciais entre as maiores economias do mundo.

A reunião, que teve um ambiente amigável, resultou na redução das tarifas americanas sobre produtos chineses e na trégua dos controles de exportação de terras raras por parte da China, recursos essenciais para indústrias como automotiva, aérea e militar.

Trump declarou aos repórteres que considerou o encontro “incrível”. Xi Jinping afirmou que a relação entre as nações mantém sua estabilidade geral, enfatizando que ambos devem evitar um ciclo de retaliação mútuo, segundo a agência oficial Xinhua.

O acordo pode ser formalizado já na próxima semana, conforme declaração de Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, em entrevista à Fox Business Network.

Os líderes não se reuniam desde 2019, na cúpula do G20 em Osaka, Japão. Desde então, as tensões cresceram, atingindo o ápice com a guerra comercial iniciada por Trump e a resposta da China.

Apesar do acordo indicar um alívio no conflito, o mercado mantém uma visão cautelosa, segundo o analista Leonel Mattos, da StoneX.

Ele avalia que esta trégua é frágil, pois muitas das ações acordadas apenas mantêm a situação atual por mais um tempo.

Como exemplo, ele menciona que a suspensão das restrições chinesas sobre terras raras era apenas uma ameaça e não uma medida prática até então. Além disso, os EUA não taxarão navios chineses e vice-versa, o que já era a situação anterior.

O mais concreto, segundo ele, é a manutenção do status quo e a prorrogação da trégua por mais um ano. Os mercados, contudo, demonstram receio de que essa paz possa ser rompida novamente.

Em resposta, o dólar se valorizou frente à maioria das moedas globais, tanto fortes quanto de mercados emergentes. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a seis outras moedas, subiu 0,34%, para 99,49 pontos, e o dólar avançou contra o rand sul-africano, o peso chileno e o peso mexicano.

Esse movimento também é influenciado pela recente decisão do Fed de cortar os juros em 0,25 ponto percentual, elevando a taxa para uma faixa entre 3,75% e 4%, motivado pelos riscos percebidos no mercado de trabalho.

O Fed observou que a criação de empregos diminuiu este ano e a taxa de desemprego aumentou ligeiramente, embora tenha permanecido baixa até agosto. Indicadores recentes confirmam esses fatos, além de mostrar uma inflação aumentada desde o início de 2025.

O comitê do Fed busca alcançar pleno emprego e inflação de 2% a longo prazo, mas reconhece incertezas econômicas significativas e riscos crescentes para o emprego nos últimos meses.

Devido à paralisação do governo federal, há ausência de dados oficiais, o que gera cautela nas decisões do Fed, que tem que se basear em publicações alternativas. Jerome Powell, presidente do Fed, ressaltou que a falta de dados padrão ouro representa um problema a longo prazo.

Powell comparou a situação a dirigir na neblina, recomendando cautela e redução da velocidade. Ele destacou que decisões futuras sobre juros serão avaliadas cuidadosamente, e que um novo corte na próxima reunião de dezembro não está garantido.

Essa declaração surpreendeu investidores que esperavam continuidade dos cortes de juros em dezembro. Reduções na taxa de juros nos EUA costumam ser positivas para mercados globais, dado o papel da economia americana como a mais forte do mundo e a segurança dos títulos do Tesouro.

Quando os juros americanos são altos, os rendimentos atraentes dos títulos levam investidores a retirar recursos de outros mercados. Quando os juros caem, a diversificação volta a ser preferida, valorizando investimentos alternativos.

Para o Brasil, há um fator adicional que favorece seus ativos: o diferencial de juros.

Quando as taxas nos EUA caem e a Selic se mantém alta, investidores aproveitam a diferença para realizar a estratégia de “carry trade”, ou seja, tomam empréstimos a juros baixos nos EUA para investir em mercados com juros mais altos, como o brasileiro. Isso aumenta a demanda por reais e faz o dólar perder valor.

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