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sexta-feira, 15/08/2025

Dólar e Bolsa caem antes de reunião entre Trump e Putin e dados econômicos

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar registrou queda nesta sexta-feira (15), com investidores focando na reunião marcada para a tarde entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin.

Além disso, o mercado reagiu a dados econômicos dos EUA e reavaliou as possibilidades em relação à política do banco central americano, o Fed (Federal Reserve).

Por volta das 14h07, o dólar caiu 0,29%, sendo cotado a R$ 5,401, próximo à menor cotação do ano. A Bolsa também recuou 0,43%, ficando em 135.761 pontos.

O encontro entre Trump e Putin está agendado para as 16h no horário de Brasília. Os líderes vão discutir a possibilidade de encerrar a guerra na Ucrânia, embora o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, não tenha sido convidado.

Esse será o primeiro encontro presencial entre os dois desde 2021, em meio a esforços diplomáticos para acabar com o conflito que já dura mais de três anos.

Em declarações no avião Air Force One, Trump afirmou que caberá à Ucrânia decidir o que negociar para alcançar a paz com a Rússia. Com isso, o presidente americano tenta evitar a ideia de que ele e Putin estejam tomando decisões sobre a Ucrânia sem o consentimento de Zelenski ou dos aliados europeus, que temem que a Rússia não se limite ao território ucraniano.

Para os mercados, a redução dos riscos geopolíticos poderia aliviar a pressão sobre os preços da energia e de matérias-primas.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que qualquer avanço nas negociações pode reduzir o preço do petróleo no curto prazo, enquanto um fracasso pode elevá-lo e aumentar a volatilidade. Um acordo que flexibilize sanções e aumente a oferta de petróleo poderia ajudar a conter a inflação global, especialmente nos custos de energia e transporte, porém o cenário mais provável ainda é de ganhos limitados e cautela dos investidores.

Os dados econômicos recentes dos EUA também influenciaram o mercado hoje, em meio ao contexto das tarifas impostas por Trump.

Em julho, os preços de produtos importados subiram 0,4%, contrariando a expectativa de estabilidade e a queda de 0,1% em junho, indicando que as tarifas estão começando a impactar os preços para os consumidores americanos.

Outro relatório mostrou que as vendas no varejo cresceram 0,5% em julho, impulsionadas pela demanda por veículos e promoções. Esse aumento aconteceu após um crescimento revisado para 0,9% em junho.

Com esses dados, operadores reajustaram as expectativas sobre a política do Fed. Até quarta-feira, a maior parte do mercado acreditava em cortes nos juros em setembro, mas números recentes da inflação ao produtor levantaram dúvidas, e a probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual oscilou entre 88% e 93%.

A perspectiva de mudanças na política monetária influencia o dólar no mercado internacional. Juros menores tornam os investimentos americanos menos atraentes, o que enfraquece o dólar.

Analistas do Itaú mencionaram que, apesar da valorização em junho, não veem mudanças nos fundamentos para o dólar, que deve continuar a perder força globalmente. Eles atribuíram isso a uma política econômica mais instável nos EUA e à economia resistente em outras partes do mundo.

O índice DXY, que mede o dólar contra seis outras moedas fortes, caiu 0,48%, para 97,75 pontos.

A expectativa de cortes nos juros nos EUA tem favorecido o real recentemente, dado que a taxa Selic no Brasil permanece alta por mais tempo, tornando os investimentos em reais mais atrativos.

Porém, a tensão comercial entre Brasil e EUA ainda gera cautela. Trump criticou o Brasil como um dos piores países e um péssimo parceiro comercial, além de fazer comentários sobre questões políticas internas brasileiras, referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Essas declarações aumentam as tensões comerciais entre os dois países. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta negociar com os Estados Unidos, mas ainda não teve sucesso.

Uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que estava marcada para quarta-feira, foi cancelada pelos americanos sem nova data planejada.

Na quinta-feira, o governo brasileiro lançou um plano chamado “Brasil Soberano” para ajudar empresas afetadas pela tarifa americana de 50% sobre produtos brasileiros. O plano foi apresentado como uma Medida Provisória (MP) que começa a valer imediatamente, mas terá que ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias.

Essa MP inclui uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para as empresas afetadas, adiamento de impostos federais, maior ressarcimento de créditos tributários e mudanças nas garantias para exportações, facilitando a busca por novos mercados.

Embora o pacote seja considerado necessário para proteger o setor produtivo, agentes financeiros temem que ele gere impacto fiscal significativo ou que sirva de justificativa para o governo desistir das metas fiscais.

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