SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta quinta-feira (25), o dólar teve uma leve queda em relação ao real, pois os investidores estão avaliando as novas previsões econômicas do Banco Central e o índice de inflação IPCA-15 de setembro. No mercado internacional, a moeda dos Estados Unidos ficou estável contra outras moedas fortes.
Na quarta-feira (24), o dólar subiu quase 1%, chegando a R$ 5,326. A Bolsa de Valores também subiu um pouco, alcançando 146.491 pontos, o que marcou um recorde pelo segundo dia seguido.
O foco principal do dia foi a política de juros dos Estados Unidos. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), fez comentários prudentes sobre o futuro dos cortes na taxa de juros, indicando que não está certo que novos cortes acontecerão.
Ele mencionou que o Fed enfrenta um dilema: equilibrar o combate à inflação com a proteção dos empregos. Caso os juros sejam cortados muito rapidamente, pode ser necessário reverter essa decisão para atingir a meta de inflação de 2%. Por outro lado, manter juros altos por muito tempo pode prejudicar o mercado de trabalho.
Powell afirmou em Rhode Island que os riscos de inflação são altos e os riscos para o emprego são baixos, criando uma situação difícil de gerenciar.
Na semana passada, o Fed reduziu a taxa de juros em 0,25 ponto, atingindo uma faixa de 4% a 4,25%, em resposta a sinais de desaceleração do emprego, inflação persistente e outros fatores econômicos. Esse foi o primeiro corte do ano e ocorreu no contexto do presidente Donald Trump pressionando por políticas monetárias menos rígidas.
A estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, comentou que o mercado esperava mais cortes nos juros ainda este ano e no próximo, focando mais na proteção do emprego do que no controle da inflação. Essa expectativa impulsionou vários ativos, já que uma taxa de juros mais baixa nos EUA incentiva investidores a buscarem oportunidades fora do dólar.
Assim, a postura mais cautelosa do Fed levou a um fortalecimento do dólar globalmente e aumento nos rendimentos dos títulos americanos.
No Brasil, o real foi favorecido pela expectativa de cortes de juros nos EUA, devido ao diferencial de juros e ao desempenho da Bolsa. No entanto, essa perspectiva mudou com a cautela do Fed, fazendo a moeda brasileira perder valor nesta sessão.
Apesar do foco internacional, no Brasil o principal destaque foi a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump na Assembleia Geral da ONU, a primeira desde que os EUA impuseram sanções ao Brasil. Trump declarou que houve uma boa química entre os dois líderes e anunciou que eles se encontrarão na semana seguinte.
Este encontro e a possível redução de tensões comerciais, políticas e diplomáticas deram força ao real, levando o dólar à sua mínima em mais de um ano e a Bolsa a novos recordes de fechamento e durante o pregão, atingindo 147.178 pontos.
Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos, destacou que essa reunião abre caminho para negociações, como flexibilização de tarifas e outras medidas positivas para o comércio entre os países.
É importante também lembrar que esse encontro aconteceu logo após o governo dos EUA ampliar sanções contra autoridades brasileiras e aliados do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão.
