O dólar começou o dia com uma pequena queda nesta segunda-feira (24), acompanhando a desvalorização da moeda americana em relação a outras divisas internacionais. Essa movimentação ocorre em meio ao aumento das expectativas de redução dos juros pelo Banco Central dos EUA, o Fed, em sua reunião de dezembro.
No Brasil, o mercado financeiro aguarda a fala do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que participará de um evento organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) no início da tarde.
Além disso, os investidores estão atentos à repercussão política da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorrida no último sábado (22). Ele estava em regime domiciliar desde 4 de agosto, mas foi preso pela Polícia Federal após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a um pedido da PF.
Por volta das 9h09, o dólar comercial caiu 0,23%, sendo vendido a R$ 5,3896. Na sexta-feira (21), o dólar fechou em alta de 1,19%, cotado a R$ 5,401, enquanto a Bolsa de Valores teve queda de 0,39%, terminando o dia com 154.770 pontos. Foi o maior valor de fechamento da moeda desde 17 de outubro, quando foi cotada a R$ 5,406.
Durante a semana passada, o dólar acumulou alta de 1,98%, enquanto a Bolsa recuou 1,9%. Nesta segunda-feira, a Primeira Turma do STF deve analisar a legalidade da prisão de Bolsonaro. Na decisão que decretou a prisão, Moraes mencionou que o ex-presidente tentou violar a tornozeleira eletrônica na madrugada de sábado, e o risco de fuga dele para a embaixada dos Estados Unidos em meio a uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro.
O ex-presidente admitiu ter tentado romper a tornozeleira utilizando um ferro de solda, ferramenta que atinge altas temperaturas e é capaz de derreter metais. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também defendeu a prisão, citando a gravidade e urgência dos fatos.
Os advogados de Bolsonaro expressaram surpresa com a prisão preventiva, argumentando que se baseia apenas em uma vigília de orações, sem detalhar a tentativa de violação da tornozeleira.
Na sexta-feira passada, o mercado global teve maior aversão ao risco após dados econômicos dos EUA indicarem que o Fed provavelmente manterá a taxa básica de juros no próximo encontro, fortalecendo o dólar.
No cenário doméstico, os investidores brasileiros realizaram ajustes depois do feriado do Dia da Consciência Negra, quando as bolsas permaneceram fechadas. Essa reação negativa ocorreu mesmo com a retirada da sobretaxa de 40% que os EUA aplicavam sobre produtos brasileiros.
Dados recentes indicam que a economia norte-americana criou 119 mil empregos em setembro, superando a previsão de 50 mil vagas, porém a taxa de desemprego subiu para 4,4%, ligeiramente acima da expectativa de 4,3%. Os dados de emprego para outubro e novembro serão divulgados em 16 de dezembro, após a reunião do Fed.
Marcio Riauba, chefe da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio, observou que, apesar da retirada das sobretaxas, os dados do mercado de trabalho americano preocupam, pois mostram força e aumentam receios de inflação nos EUA.
Com base nesses indicadores, as apostas dos investidores sobre a manutenção da taxa de juros foram alteradas, segundo a ferramenta FedWatch do CME Group. Na quinta-feira, 60,9% acreditavam em manutenção da taxa, número que caiu para 30,3% na sexta.
Analistas, como João Daronco, da Suno Research, afirmam que esses dados aumentam o medo no mercado global, fazendo os investidores buscarem ativos mais seguros.
Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora, destacou que o mercado brasileiro passa por um momento de ajuste devido à incerteza sobre a política de juros nos EUA.
No contexto global, a ata recente do Fed mostrou que muitos membros apoiam cortes nos juros, mas há preocupações com a estagnação no progresso da meta de inflação de 2%.
Reduções nas taxas de juros dos EUA costumam beneficiar os mercados mundiais, pois os títulos do Tesouro americano são considerados investimentos seguros. Porém, se os juros sobem, esses títulos atraem mais investidores, desviando recursos de outros mercados.
Além disso, há apreensão sobre uma possível bolha no setor de inteligência artificial nos EUA. A Nvidia divulgou receita de US$ 57 bilhões, um crescimento de 62% em relação ao ano anterior, superando as expectativas, mas o mercado está cauteloso.
Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, destacou que a preocupação permanece em torno das ações do setor de IA, apesar dos bons resultados da empresa.
Os papéis das grandes empresas de tecnologia fecharam em queda de 3% na Bolsa de Nova York na quinta-feira, e os índices asiáticos caíram mais de 3% nesta sexta-feira.
No Brasil, a retirada das tarifas de 40% sobre carnes, café, frutas e outros produtos foi bem recebida pelos setores beneficiados, que elogiaram o trabalho conjunto com o governo para eliminar essas barreiras.
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, mencionou que a decisão foi baseada em negociações iniciais com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. A isenção das tarifas é retroativa a 13 de novembro.
Em julho, Trump havia instituído a sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros, além de tarifas recíprocas globais de 10%, com algumas exceções. Recentemente, os EUA também retiraram a tarifa de 10% sobre as principais exportações brasileiras.
Apesar da notícia positiva, João Daronco ressalta que a retirada das tarifas não teve impacto expressivo na valorização das empresas brasileiras listadas na Bolsa, pois as companhias afetadas representam uma pequena parcela do índice Ibovespa.
