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terça-feira, 18/11/2025




Dólar cai um pouco apesar da preocupação com o mercado internacional

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Em São Paulo, 18 de novembro – O dólar apresentou queda leve no final do dia nesta terça-feira, 18, mesmo com o cenário internacional de cautela. Isso aconteceu porque o petróleo registrou alta, o que ajudou a diminuir um pouco a aversão ao risco no exterior. Outras moedas de países emergentes, como o peso colombiano, também tiveram valorização.

O dólar variou entre R$ 5,3457 e R$ 5,3156, fechando em R$ 5,3176, uma queda de 0,25%. No acumulado de novembro, a moeda americana caiu 1,17%, enquanto no ano teve uma queda de quase 14% frente ao real. O real está entre as moedas latino-americanas que mais se valorizaram, atrás apenas do peso colombiano.

Investidores mantêm cautela, aguardando dados econômicos importantes dos Estados Unidos, como o relatório de emprego de setembro, que será divulgado na quinta-feira, 20. Além disso, preocupações com uma possível correção significativa nas ações de grandes empresas de tecnologia, incluindo os resultados da Nvidia, influenciam esse comportamento.

Segundo Jonathan Joo Lee, chefe da mesa de câmbio da Mirae Asset Brasil, apesar da instabilidade recente causada pela liquidação do Banco Master, o mercado de câmbio brasileiro acompanhou as movimentações externas, com reflexo nas expectativas sobre possíveis cortes na taxa de juros dos EUA em dezembro.

Ele destaca também a maior volatilidade das bolsas americanas devido a dúvidas sobre a inteligência artificial, o que impulsionou picos de valorização do dólar no meio do dia. Relatórios recentes indicam redução no ritmo de geração de empregos nos EUA.

O índice do dólar (DXY), que mede sua força contra seis moedas principais, ficou praticamente estável, por volta de 99,555 pontos. Entre as moedas emergentes, o peso colombiano teve valorização de quase 1%, enquanto o peso chileno recuou após a eleição presidencial no Chile.

Tom Barkin, presidente do Fed de Richmond, comentou que observa pressões tanto da inflação quanto do mercado de trabalho nos EUA, olhando com atenção para dados que ainda serão divulgados antes da próxima reunião do banco central em dezembro.

Nesta quarta-feira, será divulgada a ata da reunião do Fed em outubro, na qual foi reduzida a taxa básica de juros em 0,25 pontos percentuais. O presidente do Fed, Jerome Powell, avisou que não há garantia de novos cortes em dezembro, e opiniões divergem entre os dirigentes do banco sobre a continuidade do processo de afrouxamento monetário.

Guilherme Marques, diretor da Hedgepoint, observa que o mercado deve adotar postura mais cautelosa dada a recente paralisação governamental nos EUA e as incertezas econômicas, o que pode evitar cortes acentuados nos juros para evitar pressões inflacionárias, especialmente em meio a políticas tarifárias incertas.

Bolsa

O Ibovespa teve um dia de leve queda, com baixa de 0,30% no fechamento, mantendo-se próximo dos 156 mil pontos. O índice variou ao longo do dia, influenciado pela realização de lucros após recentes altas expressivas, mas fechando com um volume financeiro relevante.

Entre as ações, Petrobras evitou quedas significativas graças à alta nos preços do petróleo, mas outras grandes empresas como Vale e bancos apresentaram recuos. As maiores altas foram de Cogna, CVC e Auren, enquanto as maiores perdas ficaram com MBRF, Hapvida e Banco do Brasil.

Gabriel Mollo, analista da Daycoval Corretora, destaca que o mercado está em expectativa pelos resultados da Nvidia e pelos dados de emprego nos EUA, o que deixa investidores em compasso de espera e explica a estabilidade do Ibovespa durante a maior parte do dia.

Pesquisa do BTG Pactual indica que os investidores estão menos confiantes com os preços das ações após o recente rali, com mais gestores adotando um sentimento neutro sobre a bolsa, buscando reduzir riscos até o fim do ano.

Além disso, estudo do Bank of America mostra que a preocupação com uma possível bolha ligada à inteligência artificial tem crescido entre gestores, com muitos acreditando que as ações do setor já estão sobrevalorizadas.

Na bolsa de Nova York, os principais índices fecharam em queda, refletindo a aversão global ao risco e a preocupação com os valuations das empresas de tecnologia, além das expectativas sobre futuras decisões do Federal Reserve.

Bruno Perri, economista-chefe da Forum Investimentos, afirma que a queda da bolsa brasileira tem causas mais globais do que locais, e que a liquidação do Banco Master teve impacto residual, mas afetou o setor bancário devido ao custo que a decisão trará para o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que precisa ser capitalizado.

O FGC estimou que cerca de 1,6 milhão de credores têm direito à garantia relacionada à liquidação do Banco Master, envolvendo cerca de R$ 41 bilhões. O fundo possuía patrimônio de R$ 160 bilhões em setembro e recursos líquidos de R$ 122 bilhões. Além do Banco Master, instituições relacionadas também foram liquidadas.

Juros

Os juros futuros negociados na B3 ficaram estáveis na maior parte do dia, com pequenas oscilações, refletindo ausência de eventos locais importantes e baixa liquidez devido à proximidade do feriado da Consciência Negra.

O movimento dos juros acompanhou a queda do dólar e o cenário de alívio nos títulos do Tesouro americano. A expectativa é que o ciclo de redução da taxa Selic, que deve começar em janeiro, tenha início com um corte de 0,5 ponto percentual.

André Muller, economista-chefe da AZ Quest Investimentos, destaca que não houve grandes movimentações nos DIs recentemente, com os dados mais recentes apontando para redução gradual da inflação e enfraquecimento da atividade econômica.

O banco Daycoval revisou para baixo sua projeção de inflação para 2025, passando de 4,8% para 4,5%, alinhada ao teto da meta do Banco Central. Esse ajuste se baseia na desaceleração dos preços em serviços e nos cortes dos preços da gasolina pela Petrobras, além do comportamento estável dos preços de alimentos e bens industriais.

A AZ Quest também ajustou sua previsão para a inflação oficial deste ano, de 4,6% para 4,5%, indicando maior chance de encerramento do ano dentro da meta estabelecida.

Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, aponta que a estabilidade dos juros futuros reflete a revisão para baixo das expectativas de inflação para o final do ano, reforçada por dados que indicam perda de ritmo na atividade econômica. Isso reforça a possibilidade de antecipação no ciclo de cortes de juros pelo Banco Central ou ajuste na orientação futura.

Nos Estados Unidos, o relatório semanal da ADP mostrou uma redução média de 2.500 empregos no setor privado nas últimas semanas, o que ajudou a diminuir os retornos dos títulos do Tesouro americano, pressionando ainda mais a curva dos juros futuros no Brasil.

Estadão Conteúdo




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