O dólar fechou em queda nesta sexta-feira, 17, refletindo uma maior confiança no mercado após sinais positivos nas negociações entre os Estados Unidos e a China. A moeda americana recuou para R$ 5,40 com a retomada do interesse por investimento em ativos de maior risco no exterior.
O real apresentou um dos melhores desempenhos entre as moedas emergentes na última sessão da semana, beneficiado por declarações mais conciliatórias do governo americano em relação à China. Segundo Eduardo Velho, economista-chefe da Equador Investimentos, a postura mais flexível do governo dos EUA animou o mercado e ajudou a pressionar o dólar para baixo.
À tarde, o presidente dos EUA, Donald Trump, comentou que as relações com a China estão em um momento positivo, com negociações previstas para as próximas semanas na Coreia do Sul com o presidente chinês, Xi Jinping. Trump ressaltou que poderia aumentar tarifas adicionais à China, mas não pretende fazê-lo por ora.
Também o diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, Kevin Hassett, afirmou que não há guerra comercial com a China e que as negociações continuam em andamento entre os líderes dos dois países.
Kimberley Sperrfechter, especialista em mercados emergentes da Capital Economics, registrou que o real foi fortemente afetado na semana anterior devido à escalada nas tensões tarifárias, mas se estabilizou com o retorno da confiança no risco e manutenção de juros altos no Brasil.
Ela destacou a importância do Brasil nas reservas globais de terras raras, indicando que a cooperação com os EUA nessa área poderia fortalecer as relações bilaterais e beneficiar o país, apesar da posição do governo brasileiro contra acordos exploratórios, defendida pelo presidente Lula.
Mercado de ações e commodities
O índice Ibovespa, principal da bolsa brasileira, recuperou-se nesta sexta com alta de 1,93%, encerrando próximo a 143 mil pontos. Entre os destaques positivos estavam as ações da Raízen, Prio e WEG, enquanto Klabin, Totvs e Natura registraram quedas.
O dólar convergiu para o patamar de R$ 5,40, influenciado pelas expectativas de amenização nas tensões comerciais globais.
No mercado de commodities, houve leve recuperação no preço do petróleo e avanço nas ações da Petrobras. Já as ações da Vale e os preços do minério de ferro registraram quedas discretas.
Juros e cenário fiscal
Os juros futuros permaneceram estáveis diante da valorização do real, com movimentos moderados pela incerteza fiscal interna. Notícias sobre a possibilidade de aumento de gastos públicos preocupam o mercado, embora o dólar tenha se beneficiado da melhora no quadro internacional.
O economista Tiago Hansen ressaltou que o mercado americano apresentou volatilidade em função de problemas em bancos regionais, mas a expectativa de não aumento de tarifas para a China ajudou a acalmar os investidores.
Na agenda fiscal brasileira, há atenção ao projeto PLP 163/2025, que pode aumentar os gastos do governo em áreas como educação e saúde, o que eleva o risco fiscal.
Para o consultor Otávio Araújo, essas incertezas internas pressionam as taxas longas, mesmo com o movimento cauteloso de queda do dólar no mercado cambial.
Em resumo, apesar dos desafios domésticos, a melhora nas relações entre os EUA e a China proporcionou um ambiente mais favorável para o real e para a bolsa brasileira, com investidores mais dispostos ao risco frente a um cenário internacional menos tenso.
