O dólar iniciou a sexta-feira (26) com uma leve queda no Brasil, enquanto os investidores aguardam a divulgação do índice de inflação PCE nos Estados Unidos, um importante indicador que pode impactar os mercados globais.
A divulgação está marcada para as 9h30. Por volta das 9h04, o dólar à vista estava em baixa de 0,18%, cotado a R$ 5,355 na venda.
Na quinta-feira anterior, a moeda fechou em alta de 0,72%, cotada a R$ 5,365, enquanto a Bolsa caiu 0,8%, para 145.306 pontos.
Na véspera, dados nos EUA mostraram uma queda maior que o esperado no número de novos pedidos de auxílio-desemprego, com uma redução de 14 mil, chegando a 218 mil pedidos, abaixo da expectativa dos economistas, que era de 235 mil.
O mercado interpreta que, embora as empresas estejam mantendo seus funcionários, elas ainda hesitam em contratar mais devido à incerteza provocada pela política comercial protecionista do governo de Donald Trump.
A menor demanda por novos trabalhadores fragiliza o mercado de trabalho, que foi a principal razão para o corte de juros de 0,25 ponto percentual pelo Fed (Banco Central dos EUA) na semana anterior. Além disso, a restrição à imigração diminui a oferta de mão de obra, limitando o crescimento do emprego.
Por outro lado, a manutenção do emprego em níveis acima do esperado apoia a postura cautelosa do Fed, reforçada pelo presidente da instituição, Jerome Powell, em discurso recente.
Powell explicou que o banco central enfrenta um dilema: deve escolher entre combater a inflação ou proteger os empregos.
Comentaristas dizem que se a taxa de juros for cortada muito rapidamente, o Fed pode não atingir a meta de inflação de 2%, o que exigiria reverter a política posteriormente. Porém, manter as taxas altas por muito tempo pode enfraquecer o mercado de trabalho desnecessariamente.
Ele afirmou que a situação apresenta riscos: a inflação pode subir e o emprego pode cair, tornando a tarefa do Fed desafiadora, pois precisa equilibrar esses dois objetivos.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA teve crescimento anualizado revisado para 3,8% no segundo trimestre, acima da estimativa anterior de 3,3%.
Leonel Mattos, analista da StoneX, comentou que esses dados indicam que o Fed tem pouco espaço para novos cortes de juros e que a economia americana desacelera de forma gradual.
Essa perspectiva favoreceu o dólar no mercado global, que subiu 0,64% no índice DXY, chegando a 98,5 pontos, comparando a força da moeda americana frente a outras seis moedas.
Até recentemente, o mercado acreditava que o Fed faria três cortes de juros no curto prazo, mas essa visão tem sido revista, o que levou os investidores a retornarem ao dólar e aos títulos do Tesouro dos EUA.
Apesar da queda inicial do dólar no Brasil hoje, ele recuperou o valor com a divulgação desses dados.
O Banco Central brasileiro, em seu Relatório de Política Monetária, reduziu a projeção de crescimento do PIB para 2025 de 2,1% para 2,0%, e estimou o crescimento de 1,5% para 2026.
O BC explicou que esse ajuste reflete os efeitos incertos das tarifas de importação dos EUA e sinais de desaceleração da economia no terceiro trimestre.
Leonel Mattos afirmou que o Banco Central mantém uma postura firme, destacando que as expectativas inflacionárias no Brasil continuam altas, e que a inflação ainda está aquecida, o que impede cortes nas taxas de juros no momento.
O IBGE divulgou que o IPCA-15, uma prévia da inflação oficial, subiu 0,48% em setembro, ligeiramente abaixo da expectativa dos economistas de 0,51%.
Mattos ressaltou que, embora a inflação tenha mostrado uma pequena moderação, o BC ainda exige um progresso consistente ao longo de vários meses para considerar a redução da taxa Selic, atualmente em 15% ao ano.