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quinta-feira, 26/06/2025




Dólar cai forte e Bolsa sobe com queda do IOF e foco no Fed

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar teve um forte recuo de 1,07% nesta quinta-feira (26), encerrando cotado a R$ 5,497, impulsionado pela revogação dos decretos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) no Congresso Nacional.

A moeda sofreu uma desvalorização marcante no cenário internacional, influenciada pela possível escolha antecipada do novo presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos). O índice DXY, que mede a força do dólar frente a seis moedas principais, caiu 0,39%, atingindo 97,29 pontos.

Enquanto isso, a Bolsa brasileira refletiu o otimismo da Wall Street, registrando alta expressiva de 0,99%, chegando a 137.113 pontos. O S&P 500 avançou 0,80%, e o Dow Jones e o Nasdaq Composite subiram 0,94% e 0,97%, respectivamente.

Em um dia com várias divulgações econômicas relevantes no Brasil e nos EUA, as atenções se dividiram entre dados locais e internacionais.

Na noite de quarta-feira, a Câmara dos Deputados e o Senado derrubaram três decretos do governo federal que alteravam as alíquotas do IOF, configurando uma derrota no Legislativo para a administração do presidente Lula.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo está avaliando três caminhos para responder à rejeição: recorrer à Justiça, buscar uma nova fonte de arrecadação ou realizar mais cortes no Orçamento, o que impactaria a todos.

Em entrevista ao C-Level Entrevista, videocast semanal da Folha, o ministro disse que a decisão final cabe ao presidente Lula, mas defendeu a ação judicial. Segundo ele, juristas do governo consideram a derrubada inconstitucional.

Haddad também afirmou ter acreditado ter feito um bom acordo para ajustar o IOF após reunião com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mas ficou surpreso com a mudança da situação.

O esforço de judicializar o caso visa defender a proposta de tributar mais os ricos para beneficiar os mais pobres, mas pode intensificar o atrito com parlamentares de centro e direita, que já dificultam a agenda do governo.

O analista de mercado da StoneX, Leonel Mattos, comentou que o Congresso está mais resistente ao Executivo do que o esperado e que essa resistência pode dificultar o cumprimento das metas fiscais, pressionando a dívida pública.

No cenário doméstico, os investidores também consideraram os números da inflação medida pelo IPCA-15, que desacelerou para 0,26% em junho, abaixo das expectativas do mercado.

O economista sênior do Inter, André Valério, avaliou que a queda dos preços indica uma possível redução das pressões inflacionárias, mesmo com o ciclo de alta dos juros ainda em andamento.

No âmbito internacional, a principal causa para a queda do dólar foi a especulação sobre a antecipação do nome do próximo presidente do Fed, conforme divulgado pelo jornal The Wall Street Journal.

Esta possível mudança seria uma tentativa do presidente Donald Trump de acelerar a troca na liderança do banco central, reduzindo o período de transição.

O mandato atual de Jerome Powell vai até maio de 2026, e ele tem sido alvo de críticas de Trump por manter a taxa de juros em níveis elevados. Trump já declarou que os juros poderiam ser mais baixos e chegou a chamar Powell de ‘burro’ e ‘idiota’.

O Fed mantém a taxa entre 4,25% e 4,5% desde dezembro, e Powell afirma sua intenção de cumprir o mandato completo.

Segundo o WSJ, Trump planeja anunciar o sucessor em setembro ou outubro deste ano, ou até antes, dependendo das circunstâncias.

Mattos da StoneX ressalta que essa incerteza sobre a liderança do Fed e as críticas frequentes de Trump minam a credibilidade da política monetária e enfraquecem o dólar globalmente.

Além disso, dados revisados mostraram que o PIB norte-americano no primeiro trimestre contraiu 0,5% em termos anualizados, pior do que a estimativa anterior de retração de 0,2%.

Esse resultado aumentou as preocupações dos investidores com a maior economia mundial, que enfrenta incertezas devido às políticas comerciais instáveis de Trump. Os países têm até 9 de julho para negociar acordos tarifários com os EUA.




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