O dólar caiu forte nesta quinta-feira, 11, fechando próximo a R$ 5,40. A queda aconteceu devido à fraqueza do dólar no mercado internacional, motivada por dados econômicos fracos dos EUA e pela recente decisão do Federal Reserve (Fed). O real teve um desempenho positivo, se recuperando das perdas causadas pela pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Especialistas destacam que a moeda brasileira foi beneficiada pela decisão do Copom, que manteve a taxa Selic em 15% ao ano sem sinais de redução para janeiro. Isso aumentou a diferença entre os juros no Brasil e no exterior, valorizando o real, especialmente para operações de carry trade. O Fed, por sua vez, reduziu a taxa básica americana em 25 pontos-base e anunciou medidas de injeção de liquidez no mercado.
O dólar à vista chegou a R$ 5,3960 no início da tarde e fechou o dia em queda de 1,17%, a R$ 5,4044, depois de encerrar a sessão anterior em seu maior nível desde outubro. Apesar da queda semanal de 0,50%, o dólar acumula alta de 1,30% em dezembro e queda de 12,55% no ano.
Marcos Weigt, diretor da Tesouraria do Travelex Bank, destaca que o ambiente global está com dólar mais fraco e maior procura por outras moedas e ouro, que subiu mais de 2%. O Fed também anunciou a expansão de seu balanço para ampliar a liquidez.
O real se beneficia da política monetária firme do Copom, que mantém os juros altos e supera efeitos políticos recentes. A manutenção da Selic em 15% até pelo menos março torna caro manter posições em dólar, ajudando a conter pressões sobre o câmbio.
O Banco Central divulgou que o canal financeiro apresentou saldo positivo de US$ 2,373 bilhões na primeira semana de dezembro. Ainda assim, o BTG Pactual alerta para possível aumento de saída de divisas nas próximas semanas devido à mudança na tributação de dividendos a partir de 2026, embora essa saída possa ser menor dependendo da legislação futura.
Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, comenta que o real está firme pelo diferencial de juros, mas a antecipação do calendário eleitoral mantém a cautela, já que o cenário político interno volta a pesar no câmbio.
Na parte política, Flávio Bolsonaro confirmou sua candidatura ao Planalto, buscando apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). A pré-candidatura de Flávio pressionou o real recentemente, enquanto Tarcísio é visto como um potencial candidato para unir forças de centro e direita para as eleições de 2026.
Bolsa
O Ibovespa ficou estável, perto dos 159 mil pontos, recuperando-se moderadamente após perdas causadas pela instabilidade política da semana passada. O índice teve leve alta semanal de 1,16% e está com ganho de 32,35% no ano.
Flávio Bolsonaro reafirmou que conta com o apoio de Tarcísio de Freitas em São Paulo e que seu afastamento da corrida dependeria de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está preso e não pode se candidatar. Ele também garantiu que continuará políticas econômicas iniciadas pelo ministro Paulo Guedes.
No cenário econômico, o carry trade continua favorecendo ativos brasileiros devido à decisão do Copom de manter a Selic alta. O desempenho do Ibovespa foi misto, com ações de Vale em alta e Petrobras em baixa.
Juros
O Copom surpreendeu ao não indicar cortes na taxa Selic para janeiro, mantendo o tom conservador. O mercado debate se a flexibilização começará em janeiro ou março de 2026, mas a expectativa maior é para março. A curva de juros mostra cerca de 56% de chance de corte em março.
Gean Lima, gestor da Connex Capital, reforça que o comunicado do Copom colocou o início do afrouxamento para março, afastando a possibilidade de corte imediato em janeiro.
O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, destaca que o foco voltou para fundamentos econômicos e perspectivas para a política monetária, deixando a política menos relevante para os juros futuros por enquanto.
Os dados do varejo divulgados recentemente mostraram crescimento moderado, com vendas avançando mais do que o esperado, o que também ajuda a sustentar os juros no patamar atual.
Este cenário traz uma visão de cautela para os próximos meses, com real valorizado, juros elevados e eleições presidenciais impactando o ambiente econômico e político no Brasil.

