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sábado, 18/10/2025

Dólar cai e fecha abaixo de R$ 5,45 com Fed em foco

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São Paulo, 16 – O real teve uma leve queda durante a tarde desta quinta-feira, 16, devido ao aumento da preocupação internacional e à queda do preço do petróleo. Mesmo assim, conseguiu se valorizar pelo segundo dia seguido frente ao dólar. Pela manhã, o dólar chegou a R$ 5,4218, mas fechou o dia a R$ 5,4431, recuando 0,35%. No dia, o dólar atingiu o máximo de R$ 5,4588. No acumulado da semana, a moeda americana caiu 1,10%, mas subiu 2,26% em outubro.

Apesar das incertezas internas, especialmente relacionadas ao orçamento de 2026, o real está se fortalecendo devido à queda global do dólar. A possível desaceleração da economia dos EUA e a expectativa de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) ajudam nesse cenário. Além disso, a confirmação do encontro entre os presidentes Donald Trump (EUA) e Xi Jinping (China) no final do mês na Coreia do Sul trouxe certo alívio nas tensões comerciais.

O economista-chefe Eduardo Velho, da Equador Investimentos, destaca que recentes declarações de líderes do Fed e a paralisação parcial do governo norte-americano aumentam o risco de deterioração do mercado de trabalho. Segundo ele, essa situação eleva a chance de três cortes consecutivos de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dos EUA até março de 2026, reduzindo a faixa para entre 3,25% e 3,50%.

Pela manhã, Stephen Miran, diretor do Fed indicado por Donald Trump, comentou que o banco central americano deveria cortar a taxa em 0,5 ponto percentual no próximo dia 29, mas considera mais provável um corte de 0,25 ponto percentual. Outro diretor, Christopher Waller, também apoia uma redução de 0,25 ponto percentual, porém com cautela na transição para uma taxa neutra.

O Dollar Index (DXY), que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, caiu mais de 0,45% no fim da tarde, chegando a cerca de 98,430 pontos após tocar 98,298 pontos. Os preços do petróleo caíram mais de 1%, atingindo o menor valor desde maio, após relatórios de avanços nas negociações entre o presidente Trump e o presidente russo Vladimir Putin para encerrar o conflito na Ucrânia.

A maioria das moedas de países emergentes e exportadores de commodities valorizou-se frente ao dólar, embora tenham perdido força no período da tarde devido ao aumento do índice de volatilidade VIX em 20% e à queda das bolsas de Nova York em meio a preocupações no setor financeiro.

Segundo Velho, o dólar deve continuar enfraquecendo globalmente, o que tende a manter a cotação próxima a R$ 5,40. Além do ambiente externo, o real se beneficia de taxas de juros mais altas e da expectativa de taxa real superior a 7% ao longo de 2026.

Analistas acreditam que o dólar poderia cair ainda mais se não fosse a incerteza quanto ao controle das contas públicas brasileiras. O mercado aguarda as estratégias do governo Lula para compensar a perda de receita após a derrubada da Medida Provisória (MP) que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) com o intuito de cumprir a meta fiscal de 2026.

O economista-chefe da Equador ressalta que o governo precisa encontrar entre R$ 35 bilhões e R$ 40 bilhões para compensar a perda da MP. Caso não apresente uma proposta convincente, o dólar pode testar novamente, ainda que pontualmente, valores acima de R$ 5,50.

Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que aguarda um contato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentar alternativas para cobrir a perda de receita. À tarde, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que o governo pode apresentar um projeto de lei com os trechos da MP rejeitados que forem menos controversos. A decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de liberar o governo da obrigação de contingenciar gastos para atingir o centro da meta fiscal, e não o piso, gerou certo desconforto, mas já era esperada.

Bolsa

Desde que o Ibovespa atingiu no dia 10 o menor fechamento desde 3 de setembro, a 140.600 pontos, o índice tem oscilado entre perdas e ganhos moderados diariamente, sem conseguir ultrapassar os 142 mil pontos, exceto nesta quinta-feira, que chegou a 143.190,59 pontos em seu melhor momento.

Na quinta-feira, o índice abriu a 142.603,50 e fechou com leve queda de 0,28%, aos 142.200,02 pontos, com volume financeiro de R$ 20,9 bilhões. O índice tocou mínima diária a 141.445,76. No acumulado da semana, o Ibovespa subiu 1,08%, reduzindo a perda do mês para 2,76%. No ano, o índice avançou 18,22%.

Com a queda do petróleo ao menor preço desde maio, as ações da Petrobras caíram -0,79% (ON) e -1,11% (PN). As ações da Vale ON também cederam 0,92%, assim como as das empresas do setor metalúrgico, incluindo destaque negativo para CSN com queda de 2,58%. Apesar disso, grandes bancos tiveram desempenho misto: Itaú PN caiu levemente 0,24%, BTG teve queda de 3,50%, enquanto Bradesco subiu 0,74% (ON) e 1,15% (PN).

Os maiores ganhos no índice foram de WEG (+2,70%), Copel (+2,15%) e Auren (+1,99%). Já na ponta dos maiores recuos ficaram Magazine Luiza (-7,97%), Braskem (-6,67%) e Cosan (-4,52%).

Durante o dia, o mercado acompanhou com atenção o resultado do encontro em Washington entre o secretário de Estado Marco Rubio e o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, sobre a tarifa americana aplicada desde 9 de julho. Havia expectativa positiva para redução dessas taxas. O encontro terminou sem declarações oficiais sobre o assunto até o momento.

“Sem novidades no cenário político ou corporativo, faltou incentivo para o Ibovespa, que ficou cauteloso antes do início da temporada de balanços das empresas brasileiras na próxima semana”, afirmou o gestor de portfólio e sócio da Finacap Investimentos, Felipe Moura.

Juros

Os juros futuros de médio e longo prazo encerraram o pregão com leve alta, em meio a incertezas sobre como o déficit orçamentário de 2026 será resolvido. O governo parece querer insistir em propostas rejeitadas pelo Congresso para alcançar a meta fiscal.

A curva de juros ganhou inclinação, mesmo com queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e leve recuo do dólar, influenciada também por um leilão do Tesouro Nacional, que contrariou expectativas ao ofertar 21,3 milhões de títulos prefixados, todos vendidos.

Os contratos DI para janeiro de 2027 ficaram praticamente estáveis (14,030%), para 2028 também pouco mudou (13,370%), para 2029 subiu para 13,330%, enquanto em 2031 subiu para 13,595%.

Jaques Wagner, líder do governo no Senado, disse que uma alternativa para cumprir o orçamento pode ser enviar um projeto com partes menos contestadas da MP 1.303, que previa aumento do IOF, derrubada pela Câmara. Ele acredita que um texto menos polêmico poderia ser aprovado rapidamente.

Por outro lado, o presidente nacional do MDB e deputado federal Baleia Rossi (SP) afirmou que não há clima para aumentar impostos na Câmara dos Deputados. O governo ainda não apresentou alternativas formais para compensar a perda da MP do IOF.

Segundo o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a situação fiscal de curto prazo está se tornando cada vez mais difícil, o que justifica a cautela nos contratos DI. Ele destaca que o Executivo ainda não tem soluções claras na mesa, e que o arcabouço fiscal está se deteriorando progressivamente.

Na quarta-feira à noite, o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu os efeitos de uma decisão anterior que obrigava o governo a contingenciar gastos para alcançar o centro da meta fiscal e não o piso. A suspensão permanece até o julgamento do mérito do recurso da Advocacia Geral da União (AGU), algo que o economista da Ativa chama de “mais uma cereja no bolo” temporária.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) cresceu 0,4% entre julho e agosto após ajustes sazonais, abaixo da expectativa de 0,7%, indicando desaquecimento da economia, alinhado com a previsão de manutenção da taxa Selic em 15% até início de 2026.

Estadão Conteúdo

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