26.6 C
Brasília
terça-feira, 23/09/2025

Dólar cai e Bolsa sobe com decisões do Copom e fala de Powell

Brasília
nuvens quebradas
26.6 ° C
29.2 °
26.5 °
54 %
4.1kmh
75 %
ter
28 °
qua
29 °
qui
29 °
sex
27 °
sáb
28 °

Em Brasília

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar caiu nesta terça-feira (23), com o mercado reagindo à ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e aguardando as falas de Jerome Powell, presidente do Fed (Banco Central dos Estados Unidos).

Também chamam atenção no mercado o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) e uma entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Às 11h33, o dólar recuava 0,5%, cotado a R$ 5,310. A Bolsa de Valores subia 0,79%, alcançando os 146.256 pontos, próxima da máxima histórica intradia de 146.398 pontos registrada na semana anterior.

A ata divulgada pelo Copom mostrou que o Banco Central entrou em uma nova etapa após um ciclo firme de aumento dos juros.

Com a taxa Selic parada em 15% ao ano, o maior valor em 20 anos, o comitê vai analisar os efeitos acumulados da política atual para decidir se manter a taxa nesse nível por um período prolongado será suficiente para reduzir a inflação até a meta.

A meta de inflação do Banco Central é de 3%. Considera-se que não se cumpriu a meta quando a inflação acumulada ultrapassa, por seis meses consecutivos, o intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%.

Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, afirmou que a ata confirma que o Banco Central pretende manter a taxa Selic estável e que o desafio agora é observar sinais claros de estabilização da inflação para começar a mudar a política de juros.

Ele complementa que isso deve pressionar a taxa de câmbio para baixo, embora essa conclusão já estivesse em parte prevista, e reforça que os juros devem ficar estáveis por um bom tempo, enquanto o Federal Reserve começa a cortar suas taxas.

Essa situação é positiva para o mercado cambial, pois a manutenção dos juros elevados no Brasil e os cortes nos EUA aumentam a diferença entre as taxas, tornando a estratégia de “carry trade” mais atrativa.

Nessa estratégia, os investidores pegam dinheiro emprestado a juros baixos nos EUA para colocar em investimentos brasileiros com alta rentabilidade, como a renda fixa. Com isso, mais dólares entram no Brasil, valorizando o real.

O mercado está focado nas próximas indicações sobre a política monetária dos EUA. O discurso de Jerome Powell no início da tarde é o principal evento do dia.

Mattos destaca que as falas de Powell vão ajudar os investidores a ajustar suas expectativas sobre a trajetória dos juros nos EUA e entender a velocidade e intensidade dos cortes propostos.

Ao mesmo tempo, as declarações das autoridades brasileiras também influenciam o mercado. Em entrevista nesta manhã ao ICL Notícias, o ministro Fernando Haddad afirmou que os juros no Brasil não deveriam estar em 15% e que há espaço para reduzi-los.

Ele disse: “Eu acredito que os juros podem cair. Acho que nem deveriam estar em 15%. Mas, mesmo que estejam, há espaço para redução.” E acrescentou que boa parte do mercado financeiro compartilha dessa visão.

Haddad criticou as sobretaxas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros, especialmente commodities, classificando como um “tiro no pé” que prejudica os consumidores americanos ao encarecer produtos do dia a dia.

Ele chamou essa ação de “ingerência indevida” e “intromissão descabida”, mas também afirmou que a guerra comercial é uma chance para o Brasil implementar reformas estruturais importantes. “Estamos em um momento propício para enfrentar desafios que antes evitávamos”, declarou.

As declarações do ministro antecederam o discurso do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU, onde participou do mesmo evento que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, pela primeira vez desde que as sobretaxas de 50% foram aplicadas sobre produtos brasileiros.

Lula começou seu discurso criticando sanções arbitrárias e disse que “não há justificativa para a agressão contra o Judiciário” do Brasil, em referência à ampliação das sanções americanas contra autoridades brasileiras na sequência da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão.

Ele afirmou que “atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra” e apontou um paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia.

Lula também defendeu a legitimidade do julgamento do ex-presidente e fez críticas ao governo americano, sem citar nomes, dizendo que o Brasil enviou uma mensagem contra autocratas e seus apoiadores.

Ele concluiu reafirmando que “nossa democracia e soberania são inegociáveis”.

Veja Também