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segunda-feira, 08/09/2025

dólar cai e bolsa sobe com dados do emprego e bancos em destaque

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar terminou o dia em baixa de 0,33%, cotado a R$ 5,415, seguindo o comportamento da moeda no exterior em um dia com poucas variações. Investidores estiveram atentos à divulgação de dados econômicos do Brasil e às declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

A demissão de uma diretora do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também chamou a atenção do mercado.

O Ibovespa, que começou o dia em baixa, fechou em alta de 1,04%, atingindo 139.205 pontos. O avanço da Bolsa foi impulsionado pela recuperação das ações da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e dos bancos brasileiros.

O destaque do dia ficou para o dado do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) referente a julho, divulgado à tarde.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Brasil criou 129,8 mil vagas formais de trabalho no mês. O número ficou abaixo da expectativa, pois economistas projetavam 135,6 mil novas vagas para o período.

Esse resultado foi o menor desde março, quando foram abertas 79,5 mil vagas, e o mais fraco para o mês de julho desde 2020, início da pandemia de Covid-19.

Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, explicou que os dados indicam uma desaceleração da economia. “Isso trouxe mais otimismo para o Ibovespa. Uma economia mais fraca, com menor criação de empregos, é o que uma Selic (taxa básica de juros) mais alta espera, apontando para uma possível redução dos juros”.

Ao mesmo tempo, o mercado monitorou as falas de Gabriel Galípolo, que deu sinais em sentido contrário.

O presidente do Banco Central afirmou em evento da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) que a Selic deve se manter em 15% por um período prolongado, já que a convergência para a meta de inflação está lenta.

Além disso, Galípolo comentou que, apesar da política monetária, o real apresenta valorização mais forte que outras moedas ao longo do ano e que o mercado cambial está se comportando bem. Ele acrescentou que investidores internacionais continuam buscando ativos no mercado dos EUA, mas procuram limitar os riscos de desvalorização do dólar.

Em entrevista ao UOL, o ministro Fernando Haddad disse que as tarifas impostas pelos EUA devem prejudicar um pouco a economia brasileira, porém o país tem capacidade para enfrentar essa situação.

“As tarifas vão causar algum impacto, pois existem setores que exportam mais da metade da produção para lá. Algumas empresas vão sentir esse efeito, mas, de modo geral, acredito que o Brasil está preparado para lidar com isso”, afirmou.

Segundo o ministro, as negociações ocorrerão no ambiente comercial, não político. Ele questionou a lógica dos EUA em cobrar tarifas de um país que possui um déficit comercial com eles há 15 anos, acumulando mais de US$ 400 bilhões.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, descreveu o dia do mercado financeiro brasileiro como otimista. “As commodities reagiram positivamente e os investidores continuam acompanhando os impactos da demissão da diretora do Fed”.

Analisando o cenário, especialistas veem que a tentativa de Trump gera dúvidas sobre a autonomia do Fed. A diretora demitida, uma das nove que votaram para manter a taxa de juros entre 4,25% e 4,5% em reunião de julho e com mandato que ultrapassa o governo de Trump, declarou que sua demissão é ilegal e que não vai renunciar ao cargo.

Desde dezembro do ano passado, o Fed mantém os juros nessa faixa. Ainda assim, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, indicou a possibilidade de corte nos juros em setembro.

Para os mercados de ações e câmbio, cortes nos juros americanos são vistos como positivos, pois estimulam a entrada de recursos vindos da renda fixa dos EUA. Quando os juros caem lá, os rendimentos dos títulos do Tesouro também baixam, beneficiando setores como o petróleo. O setor financeiro brasileiro também teve alta, mesmo sem notícias específicas para essa valorização.

O mercado continua atento às tentativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negociar a tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, mas até o momento as negociações não evoluíram.

As vias de diálogo entre os países seguem interrompidas e existe receio que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, marcado para a próxima semana, possa intensificar as tensões. Aliados de Bolsonaro afirmam que consideram certa sua condenação no processo da trama golpista de 2022 no Supremo Tribunal Federal (STF), embora esperem que a Primeira Turma do Supremo não aplique a pena máxima pelos crimes imputados.

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