O dólar apresenta queda nesta quinta-feira (16), enquanto o mercado avalia os dados econômicos divulgados pelo Banco Central do Brasil.
O IBC-Br, que indica a atividade econômica e serve como uma prévia do PIB, cresceu 0,4% em agosto, depois de três meses consecutivos de queda, porém os números ficaram abaixo das expectativas.
Investidores também observam com cuidado a situação internacional, principalmente as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, além das expectativas sobre a taxa de juros americana.
Às 12h08, o dólar caiu 0,7%, sendo cotado a R$ 5,424, acompanhando o movimento global, enquanto a bolsa de valores subiu 0,22%, alcançando 142.918 pontos.
O indicador mostra que a economia brasileira voltou a crescer, mas em ritmo mais lento do que o esperado. Analistas apontam que isso se deve a um cenário de juros altos e incertezas relacionadas à política tarifária dos EUA.
Na última reunião do Banco Central, foi decidido manter a taxa Selic em 15% ao ano. A ata revelava que a política de juros entrará em uma nova fase, com a taxa podendo se manter estável por um período prolongado para atingir a meta de inflação de 3% ao ano.
Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, comenta que o dado sugere que a economia está crescendo de forma moderada, e que o segundo semestre será influenciado pela política monetária, pela confiança dos agentes econômicos e pelo mercado de trabalho, em um contexto fiscal e externo desafiador. Ela projeta um crescimento do PIB em torno de 2,2% para este ano.
Em agosto, entrou em vigor uma tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros como carne, café e frutas. Entretanto, existem expectativas de que essas tarifas possam ser reduzidas, pois autoridades do governo dos EUA e do Brasil iniciarão negociações para tratar das sobretaxas.
Leonel Mattos, analista da StoneX, destaca que as negociações oficiais são um sinal positivo para os investidores, mesmo que ainda esteja longe de um resultado definitivo.
No cenário global, as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump continuam sendo um tema importante. As tensões entre os Estados Unidos e a China aumentaram, trazendo receios de uma guerra comercial grave.
Anteriormente, ambas as nações aplicaram tarifas elevadas sobre produtos umas das outras, mas após meses de conflito, houve uma redução temporária das sobretaxas para níveis menores.
Recentemente, o governo chinês anunciou novos controles sobre exportações de terras raras, materiais essenciais para indústrias como a automobilística e a de defesa. Empresas estrangeiras deverão obter autorização para exportar esses produtos da China.
Em resposta, o presidente Trump anunciou tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro.
O ministério do Comércio chinês manifestou preferência pelo diálogo, mas declarou que está disposto a levar a disputa até o fim se os EUA mantiverem as sobretaxas.
Nesta quinta-feira, a China criticou a interpretação dos EUA sobre os controles de exportação, afirmando que tais medidas estão sendo exageradas, causando pânico desnecessário. Ele He Yongqian, porta-voz do ministério, disse que pedidos de licenças para uso civil serão aprovados.
Apesar dos investidores ficarem aliviados por termos evitado aumentos tarifários no início do ano, cada nova tensão entre Washington e Pequim pode comprometer uma possível reunião entre os presidentes dos dois países marcada para o final do mês na Coreia do Sul, encontro que ajuda a estabilizar os mercados.
Mattos acrescenta que a trégua temporária nas tarifas acaba em 12 de novembro e espera negociações mais acirradas antes destas reuniões oficiais.
Outro ponto em análise é a expectativa de corte na taxa de juros pelo Federal Reserve no final do mês, após declarações do seu presidente, Jerome Powell, que indicaram manutenção das condições que justificaram o corte anterior de 0,25 ponto percentual, devido a sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho e inflação estável.
Julia Coronado, especialista em política monetária, afirma que um corte em outubro é praticamente certo, pois os riscos no mercado de trabalho ainda persistem.