MAELI PRADO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar começou a segunda-feira (15) em queda, enquanto a Bolsa de Valores abriu em alta. Investidores estão atentos para a chamada “Superquarta” (17), dia em que o Banco Central do Brasil e o Federal Reserve dos Estados Unidos vão anunciar suas decisões sobre a taxa de juros.
Por volta das 10h11, o dólar à vista estava em baixa de 0,55%, cotado a R$ 5,324, e o Ibovespa subia 0,53%, chegando a 143.034 pontos. O mercado também reagiu ao Boletim Focus, que mostrou uma leve redução na previsão da inflação para este ano, de 4,85% para 4,83%, e uma expectativa menor para os juros básicos em 2026.
O índice do Banco Central que mede a atividade econômica (IBC-Br) apontou uma queda maior do que o esperado em julho, uma baixa de 0,5% em relação a junho. Esse é o terceiro mês seguido de recuo e indica uma possível desaceleração do crescimento econômico. Especialistas esperavam uma queda menor, de 0,2%.
Nos Estados Unidos, há expectativa de que o Federal Reserve realize o primeiro corte de juros do ano, reduzindo a taxa básica em 0,25 pontos percentuais. No Brasil, o Banco Central deve manter a Selic em 15% ao ano. As decisões serão observadas com atenção para entender os próximos passos das políticas econômicas nos dois países.
Daniel Teles, sócio da Valor Investimentos, comenta que o real está valorizado diante da expectativa de corte de juros nos EUA e manutenção da taxa alta no Brasil, o que atrai investimentos especulativos para o país.
Leonel Mattos, analista da StoneX, destaca que o dólar enfraquece desde sexta-feira, acompanhando o movimento global de queda da moeda americana devido à perspectiva de cortes de juros nos EUA.
Além disso, existe atenção para possíveis medidas dos EUA em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal. O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, avisou que o país tomará medidas adequadas diante dessa situação.
Na última sexta-feira, o dólar fechou em queda de 0,70%, a R$ 5,353, o menor patamar desde junho do ano passado, impulsionado pela entrada de capital estrangeiro. Já o Ibovespa registrou baixa de 0,61%, aos 142.271 pontos.
Especialistas acreditam que os cortes de juros esperados pelo Fed devem atrair investimentos para o Brasil, fortalecendo o real. Durante o pregão, a moeda americana chegou a ser negociada no valor de R$ 5,34.
Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, explica que o dólar está caindo porque o mercado espera três cortes de juros nos EUA ao longo do ano.
Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, reforça que o diferencial de juros favorece o ingresso de capital especulativo ao Brasil, beneficiando o real.
A confiança dos consumidores nos EUA caiu pelo segundo mês seguido em setembro, afetada por preocupações com a economia, emprego e inflação, segundo a Universidade de Michigan.
Leonel Mattos observa que esse pessimismo do consumidor contribui para a expectativa de cortes nos juros americanos.
Enquanto isso, o Ibovespa operou em queda durante o dia, corrigindo após atingir máximas na última quinta-feira (11).
Mattos alerta que os EUA podem implementar sanções ou tarifas adicionais, o que pode dificultar negociações entre os países.
O setor de serviços brasileiro apresentou crescimento de 0,3% em julho, registrando a sexta alta mensal consecutiva, o que indica resistência apesar do aperto monetário.
Para a equipe da Ágora Investimentos, a cautela no mercado internacional e incertezas sobre a reação dos EUA ao julgamento de Bolsonaro podem afetar negativamente a performance dos ativos brasileiros nesta sexta-feira.