SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar começou o dia em baixa nesta terça-feira (26), enquanto os investidores analisam os dados recentes da inflação no Brasil e a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demitir uma diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
Às 9h05, o dólar caía 0,21%, cotado a R$ 5,4029 para venda. Na segunda-feira (25), a moeda havia encerrado em queda de 0,21%, a R$ 5,4138, enquanto o índice Ibovespa teve leve alta de 0,04%, fechando em 138.025 pontos.
O mercado está reagindo à decisão de Donald Trump de afastar a diretora do Fed, Lisa Cook. No entanto, Lisa Cook afirmou que sua demissão não tem base legal e que não pretende deixar o cargo.
Internamente, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), uma prévia da inflação oficial, apresentou deflação de 0,14% em agosto — a primeira queda em mais de dois anos, conforme dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Além disso, o mercado está atento às negociações comerciais entre os EUA e possíveis cortes na taxa de juros americana.
Na última sexta-feira (25), Jerome Powell, presidente do Fed, indicou a possibilidade de reduzir os juros nos EUA.
Segundo analistas do BB Investimentos, o foco dos investidores nesta semana será a expectativa de cortes nos juros americanos e o impacto disso em ativos de maior risco, inclusive nos mercados emergentes.
Em relatório, os analistas ressaltaram que Jerome Powell sinalizou que o banco central pode flexibilizar a política de juros devido a indicadores econômicos recentes, como o enfraquecimento do mercado de trabalho, apesar da inflação mostrar tendência de alta.
“Se o mercado se alinhar com as expectativas de política monetária mais recentes nos EUA, o Ibovespa poderá tentar novamente alcançar seu recorde histórico, próximo a 141,5 mil pontos”, disseram os analistas. Para isso, o índice precisa ultrapassar a marca de 139,3 mil pontos.
Por outro lado, a frustração dessas expectativas pode causar quedas expressivas, com suporte imediato entre 136 mil e 134,3 mil pontos.
Em Wall Street, o início da semana é marcado por ajustes negativos: o S&P 500 caiu 0,43% na segunda-feira, o Dow Jones recuou 0,77% e o Nasdaq teve leve baixa de 0,22%.
Diego Costa, diretor de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T XP, comentou que o mercado ainda especula sobre a disposição do Fed para cortar juros no próximo mês. Ele destaca que o discurso de Powell deixou essa possibilidade em aberto, mas a agenda da semana deve trazer definições mais claras.
Desde dezembro do ano passado, o Fed mantém a taxa de juros entre 4,25% e 4,5%, apesar da pressão de Donald Trump para uma redução mais expressiva.
Antes do pronunciamento de Powell, havia cerca de 70% de chance precificada no mercado para um corte de 0,25 ponto percentual na reunião do Fed prevista para setembro. Após o discurso, essa probabilidade subiu para 84%, de acordo com a ferramenta Fed Watch.
Para os mercados de ações e câmbio, cortes de juros pelo Fed costumam ser positivos, pois incentivam a migração de recursos da renda fixa americana para ativos de maior risco. Uma redução nos juros dos EUA também diminui os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, levando investidores a diversificar seus investimentos.
Outro fator favorável ao Brasil é o aumento do diferencial entre os juros brasileiros e americanos, que tende a atrair mais dólares para o país, reduzindo o valor da moeda americana frente ao real.
Na agenda econômica doméstica, o IBGE divulgará nesta terça-feira (26) o IPCA-15 de agosto, com expectativa de deflação. Economistas consultados pela Bloomberg preveem uma queda de 0,2% nos preços em relação ao mês anterior e uma alta de 4,89% em 12 meses.
Na quinta-feira (28), será divulgado o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), com previsão de aumento de 2,87% em 12 meses e 0,20% mensal.
Na sexta-feira (29), a atenção se voltará para a inflação dos EUA, medida pelo PCE, que deve mostrar alta de 2,9% em julho, acelerando em relação a 2,79% em junho.