O preço do petróleo subiu bastante esta quinta-feira, dia 23, devido às sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia contra a Rússia. Isso ajudou as moedas de países emergentes e exportadores de commodities a se valorizarem. O dólar encerrou o dia em queda, cotado a R$ 5,3861, mostrando uma leve queda no acumulado semanal.
Os investidores estão cautelosos no mercado futuro, evitando tomar posições fortes por causa das incertezas globais, como as negociações comerciais entre EUA e China, com uma reunião prevista entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping na próxima semana, e o impacto da paralisação parcial do governo americano que chega ao 23º dia.
Segundo a economista-chefe da Buysidebrazil, Andrea Damico, o destaque do dia foi o forte aumento no preço do petróleo, que subiu quase 6%, impulsionando também outros produtos como a soja. Essa alta levou à valorização das moedas de países emergentes, especialmente dos produtores de petróleo.
O petróleo fechou em alta, após os EUA anunciarem duras sanções contra duas grandes empresas russas, Rosneft e Lukoil, buscando pressionar o presidente Vladimir Putin a aceitar um cessar-fogo na guerra da Ucrânia. A União Europeia também aplicou novas sanções focando em vários setores russos.
O índice DXY, que mede o dólar contra outras seis moedas fortes, quase não variou, com leve alta ao final do dia. O iene japonês apresentou perda, influenciado por expectativas de políticas fiscais mais expansivas do novo governo japonês liderado pela primeira-ministra Sanae Takaichi.
Ainda que o governo dos EUA esteja parcialmente fechado, dados de inflação ao consumidor serão divulgados na sexta-feira, e a expectativa é de que mantenham a previsão de novo corte de 0,25 ponto percentual nos juros pelo Federal Reserve.
No Brasil, o Banco Central deve manter a taxa Selic em 15% no início de novembro, aumentando a diferença entre juros internos e externos, o que pode ajudar a conter a alta do dólar nos próximos meses, período geralmente marcado por maior envio de recursos para o exterior.
Durante evento na Indonésia, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ressaltou que a inflação está desacelerando, mas ainda está acima da meta, exigindo manutenção dos juros em níveis altos por mais tempo.
Andrea Damico destaca que o movimento do câmbio está mais ligado à valorização das moedas emergentes, que estão se beneficiando do aumento das commodities, do que a fatores internos.
Bolsa
O Ibovespa subiu 0,59%, atingindo seu maior valor desde setembro, com o aumento do petróleo impulsionando as ações da Petrobras. O volume financeiro, porém, ficou abaixo da média diária. A confirmação do encontro entre os presidentes dos EUA e China também animou os mercados asiáticos e de Nova York.
Segundo o especialista Marcelo Boragini, há vários fatores de incerteza no mercado, incluindo dados econômicos recentes dos EUA e Brasil, a paralisação do governo americano, a reunião entre líderes internacionais e decisões do Federal Reserve e do ajuste fiscal brasileiro.
O senador Renan Calheiros afirmou que apresentará um parecer sobre o projeto de ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda na próxima semana, enquanto a arrecadação federal de setembro ficou um pouco abaixo do esperado.
Juros
Os juros futuros tiveram queda modesta em toda a curva, apesar de fatores externos que poderiam pressionar alta, como o aumento nos preços do petróleo e rendimento dos títulos americanos (Treasuries).
A curva doméstica mostrou pouca reação aos dados de arrecadação recentes, com agentes sugerindo que ajustes técnicos e a expectativa pelo IPCA-15 influenciaram o movimento.
Eduardo Aun, gestor da AZ Quest, comenta que a valorização do real frente ao dólar, favorecida pelo aumento do petróleo, ajuda a aliviar a pressão das altas taxas dos Treasuries sobre os títulos locais.
Ele também destaca a possibilidade de cortes na Selic mais cedo em função do controle da inflação e sinais de desaceleração da atividade econômica, o que pode já estar sendo precificado nos juros futuros antes da divulgação do IPCA-15.
Na parte da manhã, a Receita Federal informou que a arrecadação de impostos ficou em R$ 216,727 bilhões em setembro, ligeiramente abaixo da mediana das expectativas.
Segundo o economista Heliezer Jacob, tributos ligados ao ciclo econômico mostram sinais de desaceleração, alinhados com os dados de atividade recentes.

