O dólar começou o dia em queda nesta terça-feira (11), impulsionado pela aprovação no Senado dos Estados Unidos de um projeto para terminar a paralisação do governo americano.
Às 9h03, a moeda americana caiu 0,45%, sendo cotada a R$ 5,2835. Na segunda-feira (10), o dólar já tinha caído 0,53%, com a cotação em R$ 5,306, enquanto a Bolsa de Valores subiu 0,77%, alcançando 155.257 pontos.
A Bolsa brasileira alcançou seu recorde histórico pela 11ª sessão consecutiva na segunda-feira.
Essa melhora foi motivada pela expectativa de fim da paralisação governamental nos EUA, a mais longa da história.
O Senado dos EUA aprovou o projeto por 60 votos a favor e 40 contra, contando com o apoio quase total dos republicanos e de oito democratas, embora estes tenham tentado incluir no projeto renovação de subsídios de saúde que estão para expirar, sem sucesso.
Agora, o texto segue para a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos. O presidente dessa Casa, Mike Johnson, declarou a intenção de aprovar o projeto até quarta-feira (12) para ser enviado à sanção do presidente Donald Trump. Trump qualificou o acordo como “muito bom” para reabrir o governo.
Este acordo estende o financiamento federal até 30 de janeiro, mantendo o caminho para aumentar a dívida pública em cerca de 1,8 trilhão de dólares por ano, totalizando 38 trilhões de dólares.
Para os mercados, o fim do shutdown traz esperança de retorno à normalidade. A paralisação deixou muitos servidores públicos sem remuneração, colocou milhões de pessoas em risco de perder assistência alimentar, atrasou voos e, mais criticamente, deixou o Federal Reserve (o banco central dos EUA) sem dados importantes para decisões econômicas.
A falta de dados sobre inflação e desemprego dificulta decisões do Fed, que, segundo seu presidente Jerome Powell, pode desacelerar os cortes nos juros. “O que você faz quando está dirigindo na neblina? Você diminui a velocidade”, disse Powell.
Assim, o fim da paralisação reduz incertezas sobre a economia americana e fortalece os mercados globais de ações e moedas de países emergentes como o real, o rand sul-africano, o peso mexicano e o peso chileno.
Em Wall Street, os índices S&P 500 e Nasdaq subiram 1,61% e 2,27%, respectivamente, animando os mercados mundiais.
No Brasil, o desafio é manter o bom momento dos últimos dias, de acordo com Marco Ribeiro Noernberg, sócio e estrategista de renda variável da Manchester.
Esta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata da última reunião, que manteve a taxa Selic em 15%, reforçando que essa taxa permanecerá alta por um longo período.
Também será divulgado o índice oficial de inflação referente a outubro, o IPCA.
Noernberg comenta que tanto a ata quanto o IPCA podem influenciar as expectativas sobre cortes futuros nos juros.
No mercado cambial, uma maior diferença entre juros do Brasil e dos EUA favorece o real. Quando os juros americanos caem, como nas últimas reuniões do Fed, e a Selic permanece alta, investidores aproveitam essa diferença para aplicar em ativos brasileiros, valorizando o real e desvalorizando o dólar.
Por outro lado, juros altos como o de 15% estimulam investimentos em renda fixa, que é mais segura e previsível, reduzindo o interesse em renda variável, o que pode esfriar esse mercado.

