O dólar fechou em queda de 0,75% na segunda-feira, cotado a R$ 5,4623, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demonstrar uma postura mais conciliadora em relação à China no domingo, 12. Essa atitude amenizou os temores sobre uma escalada na guerra comercial entre os dois países, estimulando a valorização de moedas emergentes como o real.
Na sexta-feira anterior, o dólar havia subido 2,39%, ultrapassando os R$ 5,50, em reação às ameaças de tarifas elevadas feitas por Trump contra produtos chineses a partir de novembro, como retaliação às restrições da China sobre exportações de terras raras.
Contudo, no domingo, Trump afirmou que os Estados Unidos desejam ajudar a China e minimizou os recentes desentendimentos, dizendo que o presidente chinês, Xi Jinping, teve apenas um momento difícil sobre o comércio de terras raras.
Especialistas do mercado destacam que, mesmo com o tom mais brando, a disputa entre Estados Unidos e China não deve acabar, podendo haver muita volatilidade no mercado. O real teve desempenho melhor do que outras moedas latino-americanas, com o Banco Central atuando para manter a estabilidade cambial.
Além de fatores externos, a preocupação com o risco fiscal doméstico também influenciou o mercado local, piorando o cenário para o real na última sexta-feira. Notícias sobre um possível pacote de benefícios de R$ 100 bilhões elevado para 2025 aumentaram a apreensão dos investidores.
O índice dólar (DXY) registrou leve alta, superando os 99 pontos, mas o feriado em Nova York deixou o mercado de títulos americano com baixa liquidez. Investidores acompanharam ainda declarações de dirigentes do Federal Reserve, como a presidente do Fed da Filadélfia, Anna Paulson, que considera provável novo afrouxamento monetário este ano.
Para especialistas, a previsão é de um dólar fraco globalmente devido à fragilidade do mercado de trabalho americano, o que beneficia moedas de países emergentes que apresentam taxas de juros reais elevadas e riscos fiscais relativamente controlados.
Mercado de ações
O Ibovespa recuperou parte das perdas da sexta-feira e encerrou o dia em alta, próximo de 142 mil pontos, reflexo da reabertura do diálogo comercial entre Estados Unidos e China, conforme comentado pelo secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.
Apesar das ameaças iniciais de Trump, a China se mantém firme nas restrições comerciais, mas os mercados reagiram positivamente à perspectiva de negociações. O ambiente externo favorável impactou também a valorização de ações líderes como Vale, Petrobras e Itaú, enquanto alguns papéis de alimentos sofreram quedas por ajustes técnicos e resultados abaixo do esperado.
Taxas de juros
Os juros futuros no Brasil apresentaram estabilidade nesta segunda-feira, influenciados positivamente pela valorização do real, mas ainda afetados por incertezas fiscais internas. O mercado aguarda as decisões do governo, especialmente após a rejeição da Medida Provisória que visava aumentar a arrecadação via IOF.
O economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho, destaca que o mercado está cauteloso e na expectativa por medidas fiscais para sanar a situação. Enquanto isso, os movimentos nas taxas de juros devem continuar limitados.
O boletim Focus indicou uma redução nas estimativas de inflação para 2025, o que pode contribuir para futuras reduções na taxa básica de juros, mas o cenário fiscal e as expectativas de longo prazo ainda impõem desafios.
Em relatório, Roberto Secemski, economista-chefe para o Brasil no Barclays, afirma que o Comitê de Política Monetária deverá começar a reduzir a Selic em março de 2026, com projeção para um corte gradual até cerca de 12,75% no terceiro trimestre daquele ano.
