SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar está subindo na manhã desta terça-feira (19), enquanto investidores acompanham as dificuldades comerciais entre Brasil e Estados Unidos e as incertezas relacionadas à Guerra na Ucrânia.
Às 11h05, o dólar estava com alta de 0,62%, cotado a R$ 5,467. Ao mesmo tempo, a Bolsa caiu 1,64%, chegando a 135.104 pontos, principalmente devido à queda nas ações dos bancos.
No cenário interno, o mercado observa a tentativa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negociar a tarifa de 50% que os EUA impuseram às importações brasileiras.
As autoridades brasileiras, entretanto, têm encontrado dificuldades para dialogar, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que a negociação não avança porque os EUA querem uma solução que não pode ser aceitada legalmente.
Fernando Haddad ainda comentou que para haver um canal de conversa, é necessário que ambas as partes estejam dispostas.
Paralelamente, o governo brasileiro respondeu oficialmente a uma investigação comercial do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), pedindo que a investigação seja suspensa para proteger as relações entre os países.
O documento, assinado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, alerta que medidas unilaterais podem enfraquecer o comércio global e prejudicar as relações bilaterais.
Além disso, os investidores avaliam as respostas do Brasil às sanções dos EUA contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. O ministro Flávio Dino mencionou que o Supremo poderá barrar sanções financeiras sobre Alexandre de Moraes.
Essa situação afetou as ações dos bancos na Bolsa: Bradesco caiu 2,38%, Itaú 2,45%, BTG 3,30% e Banco do Brasil 1,28%.
As ações da Raízen tiveram a maior queda de 7,82%. Elas haviam subido após notícia de que a Petrobras poderia investir na empresa, mas depois voltaram a cair.
Uma reportagem recente indicou que a Petrobras está considerando usar milho em vez de cana-de-açúcar para produzir etanol, o que poderia diminuir o interesse pela Raízen.
No âmbito internacional, o foco permanece na busca do presidente dos EUA, Donald Trump, por uma solução para a Guerra na Ucrânia.
Donald Trump se reuniu com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, buscando avançar nas negociações.
Apesar dos avanços relatados, o mercado está pessimista pela falta de um acordo de cessar-fogo efetivo.
Donald Trump planeja juntar Zelenski e Putin, mas também afirmou que Putin pode não querer acabar com a guerra.
O presidente dos EUA reiterou que Putin enfrentará dificuldades se continuar o conflito e já impôs sanções a países que compram petróleo russo, incluindo a China, Brasil e Índia.
Os investidores também observam os próximos passos do Federal Reserve (Fed). O simpósio de Jackson Hole, começando na quinta-feira (21), e o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, são esperados para indicar as estratégias futuras.
Há chances de corte nas taxas de juros na reunião de setembro do Fed, o que pode beneficiar o real, pois manteria o diferencial de juros favorável ao Brasil frente aos EUA.
Economistas ouvidos pelo Banco Central mantiveram as previsões da taxa Selic para o final do ano em 15%.