Alta recente da moeda ocorreu em meio a um aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano
O dólar tem espaço para subir até 5% a mais contra outras moedas fortes caso as condições financeiras se apertem o suficiente com os aumentos de juros do Federal Reserve (Fed, banco central americano). A avaliação é do estrategista do Standard Chartered Steve Englander.
O Bloomberg dollar index, que mede o desempenho do dólar contra uma cesta de moedas de países desenvolvidos, subiu mais de 10% nos últimos 12 meses e é negociado perto de seu nível mais forte desde o início de 2020. De acordo com o chefe de pesquisa de câmbio e estratégia macro do banco, o índice esteve “fortemente ligado” às condições financeiras no ano passado, o que pode indicar um cenário preocupante para os próximos meses.
A alta recente do dólar ocorreu em meio a um aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, que foi alimentado por uma combinação de temores e expectativas de inflação e da provável resposta do Fed a isso. O aumento de juros e as expectativas mais pessimistas de crescimento econômico também prejudicaram ativos mais arriscados e aumentaram o apelo de refúgios como o dólar.
“A correlação entre condições financeiras, preços das ações e o dólar é mais provável porque os preços das ações, os outros fatores das condições financeiras e o dólar estão respondendo às mesmas expectativas de política econômica e monetária”, disse Englander. “Supomos que essa relação estreita continuará neste ciclo. Mesmo que não seja provável que se mantenha por longos períodos, parece uma suposição razoável como linha de base para os próximos meses”.
O salto no índice do dólar da Bloomberg desde julho passado foi acompanhado por um aperto de 2,5 pontos no índice de condições financeiras da Bloomberg, segundo Englander. Ele avalia que outro movimento de 1,2 ponto no indicador de condições financeiras, que levaria o índice aos níveis mais apertados desde 1998, se traduziria em mais 5% de valorização do dólar.
Essa visão se baseia na suposição de que as condições financeiras continuarão a ficar mais restritivas. Se o mercado e o Fed estiverem subestimando o impulso de queda para a economia e houver uma flexibilização inesperada nas condições financeiras, então o dólar poderia, na opinião de Englander, cair 5% – ou mais se a queda for exacerbada pelo posicionamento do mercado.