A esquerda na Bolívia está prestes a perder o controle do governo após quase duas décadas no poder, com exceção de um breve período de um ano de 2019 a 2020. De acordo com as pesquisas mais recentes divulgadas no domingo (10/08), dois candidatos da oposição estão na frente e devem disputar o segundo turno.
Os estudos realizados pela Ipsos-Ciesmori e pela Captura Consulting, as últimas pesquisas autorizadas antes da eleição, mostram que o empresário de centro-direita Samuel Doria Medina, candidato pelo partido Alianza Unidad, lidera com 21,2% e 21,6% respectivamente.
Logo atrás está o ex-presidente de direita Jorge Quiroga, da coalizão Libre, com 20% em ambas as pesquisas. Se essa tendência se mantiver no próximo domingo, os dois disputarão o segundo turno no dia 19 de outubro.
Desde 2005, o Movimento ao Socialismo (MAS), liderado por Evo Morales durante três mandatos (2006-2019) e depois por Luis Arce (2020-2025), venceu todas as eleições no primeiro turno.
No entanto, o período entre a renúncia de Evo Morales em novembro de 2019 e a posse de Luis Arce em novembro de 2020 contou com o governo interino de Jeanine Áñez.
Desafios para a esquerda
O MAS enfrenta dificuldades para continuar no comando, em meio a uma crise econômica agravada pela escassez de dólares — uma preocupação crescente para os bolivianos.
O atual governo, presidido por Luis Arce, que não pretende se reeleger, consumiu quase todas as reservas internacionais em dólares para subsidiar preços internos de gasolina, diesel e outros insumos, comprados no exterior.
Sem dólares suficientes, a oferta desses produtos se tornou irregular, causando longas filas nos postos de combustível.
Em julho, a inflação anual chegou a 24,8%, a mais alta desde pelo menos 2008, afetando negativamente o MAS nas pesquisas. O candidato do partido, o ex-ministro Eduardo del Castillo, está em sétimo lugar entre nove concorrentes.