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quarta-feira, 12/11/2025




Doenças antigas ainda circulam e fazem vítimas

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Recentemente, um caso de peste bubônica foi confirmado nos Estados Unidos, o que surpreendeu muitas pessoas ao perceberem que essa doença, conhecida como “peste negra” na história, não ficou apenas no passado. A peste negra foi responsável por milhões de mortes na Idade Média, mas doenças antigas continuam presentes hoje, como também é o caso da cólera e da hanseníase.

Estas doenças ainda são negligenciadas por várias razões, incluindo condições socioeconômicas desfavoráveis e a falta de vacinas eficazes para seu controle. Isso contribui para surto e casos isolados ao redor do mundo, dificultando a erradicação completa dessas enfermidades.

Os microrganismos que causam essas doenças estão em constante evolução para sobreviver, apesar dos esforços humanos para controlar sua propagação. A única infecção erradicada na natureza foi a varíola, desde 1980, mas essa é a exceção e não a regra para a maioria das doenças infecciosas.

Fatores como desigualdade social e falhas em vigilância epidemiológica favorecem o surgimento de surtos. Garantir saneamento básico, acesso à água potável, vacinação e antimicrobianos adequados são medidas essenciais para o controle dessas doenças.

Christiane Reis Kobal, infectologista, explica que esses agentes infecciosos fazem parte dos nossos ecossistemas, mas com as técnicas certas, muitas doenças podem ser controladas, mesmo que não sejam completamente erradicadas.

Peste bubônica

A peste bubônica, transmitida por pulgas de roedores contaminados pela bactéria Yersinia pestis, tem seus sintomas caracterizados por febre alta, dor, falta de apetite, náuseas e feridas roxas ou pretas. O uso de antibióticos e as melhorias em higiene e saneamento reduziram drasticamente sua incidência.

Entre 2019 e 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou 1.722 casos e 175 mortes, concentrados principalmente na República Democrática do Congo, Madagascar, China, Mongólia, Uganda e Estados Unidos. No Brasil, não há casos desde 2005, mas o risco persiste em áreas específicas segundo a OMS.

A falta de programas eficazes e o possível subdiagnóstico podem ocultar casos no país, mas especialistas indicam que, se existirem, são poucos e não graves.

Hanseníase

A hanseníase, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, tem registros desde a antiguidade e esteve presente em várias regiões do mundo. O termo ‘lepra’ foi abandonado para evitar estigmas sociais relacionados à doença.

Hoje, a hanseníase é endêmica em algumas regiões, como o Brasil, que registrou 22.129 novos casos em 2024, ficando em segundo lugar mundial atrás da Índia.

O diagnóstico costuma ser tardio pela variedade de sintomas que aparecem lentamente. A doença causa manchas na pele e sensações de formigamento, podendo levar à perda de força muscular e nódulos se não tratada.

O tratamento, disponível pelo Sistema Único de Saúde, envolve o uso contínuo de três antimicrobianos por seis meses a um ano.

Cólera

A cólera, provocada pela bactéria Vibrio cholerae, existe há séculos e teve várias pandemias, a mais recente iniciada em 1961 e ainda ativa. Em 2025, foram registrados 462.890 casos e 5.869 mortes em 32 países, especialmente nas regiões do Mediterrâneo Oriental, África e Sudeste Asiático.

No Brasil, não há registros de casos locais desde 2006 e casos importados são raros. A transmissão ocorre pelo contato com água ou alimentos contaminados, predominando em áreas com saneamento precário.

Os sintomas incluem diarreia, náusea e vômito, podendo evoluir para graves complicações como desidratação e choque, mas a maioria dos infectados não apresenta sintomas.

Vacinas orais existem, porém têm baixa eficácia e não são amplamente disponíveis na rede pública, dificultando a proteção dos grupos mais vulneráveis.




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