NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
A dívida total do Brasil alcançou 78,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em outubro, totalizando R$ 9,9 trilhões. Dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (28) indicam um aumento de 0,6 ponto percentual em relação a setembro.
A dívida inclui valores do governo federal, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além de governos estaduais e municipais, sendo um importante indicador para investidores avaliarem a situação econômica do país.
A relação da dívida com o PIB é uma forma de medir se o endividamento do governo é sustentável. Atualmente, o crescimento da dívida bruta tem causado preocupação no mercado financeiro.
O aumento registrado em outubro foi influenciado principalmente pelo acréscimo de 0,9 ponto percentual nos gastos com juros. Por outro lado, o crescimento do PIB contribuiu para reduzir o efeito desse aumento em 0,3 ponto percentual.
“A dívida bruta continua crescendo, e esse é o maior índice desde outubro de 2021, quando foi de 79,5% do PIB”, afirmou o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, durante a apresentação dos dados.
A alta da taxa básica de juros (Selic) aumenta ainda mais o endividamento da União. Segundo o BC, um aumento de um ponto percentual na Selic, mantido por 12 meses, eleva a dívida bruta em R$ 55,6 bilhões, o equivalente a 0,44% do PIB. Atualmente, a taxa Selic está em 15% ao ano.
Em 2024, a dívida bruta já subiu 2,1 pontos percentuais do PIB, com os gastos com juros sendo o principal fator do aumento.
A dívida líquida, que desconta os ativos do governo, também aumentou, subindo 0,2 ponto percentual em outubro e atingindo 65% do PIB, o que equivale a R$ 8,1 trilhões. Esse é o maior valor registrado desde que o Banco Central iniciou essa série histórica em dezembro de 2001.
Além disso, o setor público consolidado brasileiro teve um superávit primário de R$ 32,4 bilhões em outubro, valor inferior ao superávit de R$ 36,9 bilhões registrado no mesmo mês do ano anterior. Esse resultado considera os dados do Tesouro Nacional, Banco Central, Previdência Social, estados, municípios e empresas estatais, excluindo Petrobras e bancos públicos.
O superávit foi puxado pelas contas do governo central, que teve um saldo positivo de R$ 36,2 bilhões. Estados e municípios, no entanto, apresentaram déficit de R$ 3,6 bilhões em outubro.
Empresas estatais registraram déficit de R$ 149 milhões no mês, totalizando um déficit de R$ 7,45 bilhões acumulado de janeiro a outubro, sendo R$ 6,35 bilhões referentes a estatais federais, sem contar Petrobras e bancos públicos.
Esse resultado negativo é fortemente influenciado pela situação dos Correios, que, de acordo com estimativas do governo, deverão ter um déficit primário de R$ 5,8 bilhões em 2024.
De acordo com as estatísticas do Banco Central, as estatais têm apresentado déficits desde 2023, o que contribui para o aumento do endividamento no país.
Fernando Rocha explicou que “essa sequência de déficits entre 2023 e 2025 indica que a tendência da dívida líquida é crescer. Se esses déficits forem decorrentes de investimentos que se provarem rentáveis, pode haver equilíbrio futuro”.
Porém, ele acrescentou que “nos últimos três anos, o observado é um aumento da dívida líquida e da dívida total, o que aumentará os gastos com juros”.
Nos 12 meses encerrados em outubro, o déficit primário do setor público consolidado acumulou R$ 37,7 bilhões, equivalente a 0,3% do PIB. O governo atual busca zerar o déficit fiscal, mas permite uma margem de até R$ 31 bilhões negativos. Além disso, existem despesas fora do teto, como precatórios.
Os gastos com juros somaram R$ 113,9 bilhões em outubro, a maior despesa mensal da série histórica do Banco Central. No acumulado dos últimos 12 meses, os juros atingiram R$ 987,2 bilhões, correspondendo a 7,88% do PIB.

