A prestação de serviços de manutenção corretiva e preventiva custa pelo menos R$ 96 milhões por ano. O preço poderia ser entre 10% e 20% menor, caso a licitação tivesse ocorrido em um ambiente normal de concorrência. Além disso, uma auditoria feita pela Controladoria-Geral da União (CGU), publicada em 2010, constatou sobrepreço na implantação do trecho Taguatinga/Ceilândia.
O prejuízo do convênio fechado com o consórcio Brasmetrô, com as fornecedoras de equipamentos elétricos Inepar e CMW e com a TCBR ficou estimado em R$11,7 milhões.
As falhas nos editais do órgão não param por aí. O mesmo relatório requisitou ao Metrô-DF esclarecimentos sobre a aquisição de 12 novos trens e a modernização da frota atual. O contrato, assinado com a Alstom, alcançava a casa dos R$ 344 milhões, mas 9% desse valor (R$30 milhões) poderia estar comprometido por erros da metodologia na previsão de orçamento – o que também resultaria em sobrepreço.
As conclusões da CGU estão no Relatório de auditoria sobre os recursos federais transferidos ao GDF entre 2006 e 2009.
Fraude
No DF, apenas o metrô tem se pronunciado sobre o caso. A presidente Ivelise Longhi pediu ao Cade para ter acesso ao acordo de leniência. Em um requerimento, apresentado à Secretaria de Transparência e Controle do DF, em 2011, o gabinete do deputado Chico Leite alerta para a existência de um cartel com as empresas atuantes no DF. Sem obter resposta, o parlamentar viu a necessidade de instaurar uma CPI.
“Sempre ouvimos boatos de que os gastos eram elevados, e o metrô não ficou como deveria. Agora, temos uma prova concreta, sabemos que as relações entre políticos e empresas eram vulgares. Precisamos individualizar as responsabilidades, saber o montante do prejuízo e recuperar para os cofres públicos”, garante.
A expectativa da atual gestão do Metrô-DF é superar os erros. “Todo ano, nós apresentamos à Secretaria de Transparência um plano de auditoria. Escolhemos um número de contratos, principalmente os mais complexos, e fazemos uma análise interna, se a execução ocorre de forma correta, se há algum processo administrativo que não vai bem”, garante Ivelise. Para melhorar a fiscalização, serão seis fiscalizadores, em vez de um.
A reportagem tentou entrar em contato com a Alstom e a Metroman, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.