CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Durante a votação de um projeto que facilita o licenciamento ambiental, uma briga aconteceu na madrugada de quinta-feira (17) na Câmara dos Deputados.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chamou a polícia para controlar a confusão.
O conflito começou por volta das 2h30, depois que a deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) foi chamada de “cosplay de pavão” pelo deputado Kim Kataguiri (União-SP).
Antes, ela havia chamado Kim Kataguiri de “deputado estrangeiro e reborn” e disse que ele não pode falar sobre temas indígenas.
Outro deputado, Rodolfo Nogueira (PL-MS), perguntou como se faz o licenciamento ambiental para abater pavões, cujas penas são usadas para fazer cocares como o que Célia Xakriabá usava.
Ela explicou que usava um cocar do povo fulni-ô e que as penas de pavão caem naturalmente. Pediu respeito e disse que não aceita ser atacada pelo que veste.
“Isso é racismo exposto para todos verem. Vou tomar as medidas necessárias”, afirmou.
Fora dos microfones, a discussão continuou com Célia Xakriabá gritando. Imagens da TV Câmara mostraram a confusão e Hugo Motta chamando a polícia três vezes.
O deputado Coronel Meira (PL-PE) falou que se machucou na mão ao tentar parar a deputada.
Célia Xakriabá saiu do plenário e recebeu apoio de outras deputadas.
Erika Kokay falou que Célia Xakriabá foi humilhada e não quis machucar ninguém. Talíria Petrone (PSOL-RJ) também apoiou a deputada.
“Não aceitaremos nenhum tipo de silenciamento, ataques à cultura indígena ou violência política contra as mulheres”, disse.
Hugo Motta disse que não apoia nenhum tipo de violência e lamentou o que aconteceu na madrugada.
Na terça-feira (15), o Conselho de Ética da Câmara decidiu suspender por três meses o mandato do deputado André Janones (Avante-MG). Na semana anterior, ele se envolveu numa confusão na Câmara durante o discurso de Nikolas Ferreira (PL-MG).
André Janones negou ter causado a confusão e disse que foi agredido, inclusive de forma imprópria.
Em maio, o conselho também suspendeu por três meses o mandato do bolsonarista Gilvan da Federal (PL-ES) por ofensas contra a ministra Gleisi Hoffmann (PT), que lidera a articulação política do governo Lula.