Após a aprovação do PL da Dosimetria pela Câmara dos Deputados na madrugada do dia 10 de dezembro, setores da direita brasileira mudaram o tom em relação à anistia. Parlamentares do Partido Liberal (PL) e seus aliados passaram a defender que a dosimetria representa um primeiro passo rumo a uma anistia ampla e irrestrita. Expressam que, apesar do avanço, a disputa ainda não acabou, e a anistia continua sendo o objetivo principal.
O discurso oposicionista indica que não haverá desistência fácil quanto à anistia, mesmo após possível aprovação total da dosimetria no Senado, e levanta dúvidas acerca do chamado “preço” citado anteriormente pelo senador Flávio Bolsonaro para desistir de sua candidatura à Presidência.
Inicialmente, no dia 7 de dezembro, Flávio Bolsonaro insinuou que o “preço” seria a libertação e anistia do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, em seguida, celebrou o avanço do PL da Dosimetria na Câmara, embora reconheça que o projeto não atende completamente às demandas originais da direita. Ele manifestou esperança de que os deputados façam a escolha correta.
O projeto, aprovado por 291 votos contra 148, ainda terá que passar pelo Senado e visa reduzir penas dos condenados pelos atos de 8 de Janeiro, beneficiando principalmente o ex-presidente, que cumpre uma condenação de mais de 27 anos de prisão. Apesar da aprovação, a base bolsonarista demonstra insatisfação e incertezas quanto às próximas decisões de Flávio Bolsonaro sobre a pré-candidatura e o suposto “preço”.
Deputados aliados salientam que a dosimetria é apenas o início da luta por uma anistia completa e sem restrições. Mesmo entre os apoiadores, há reconhecimento de que o cenário ideal não foi alcançado, mas que avanços foram feitos. Defensores argumentam que o ex-presidente mostrou grandeza ao aceitar a redução de pena como passo intermediário, pois não há votos no Senado para aprovar a anistia total.
Por outro lado, a aprovação expôs divisões dentro do grupo bolsonarista. A Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (ASFAV), composta por condenados, familiares e advogados, declarou que o PL da Dosimetria não altera penas, não garante revisão de condenações nem progressão imediata de regime, e convocou a sociedade a continuar a luta pela anistia verdadeira.
O advogado Jeffrey Chiquini, que representa um dos réus acusados na trama golpista, classificou o projeto como uma farsa. Destacou que o texto não beneficiaria imediatamente os presos políticos nem levaria a sua libertação rápida, resultando apenas em uma redução de pena que exigirá um processo longo e revisão criminal.
Segundo ele, as promessas de que os presos políticos em breve estarão livres são falsas, pois a batalha pela liberdade ainda será prolongada e difícil.

