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terça-feira, 26/08/2025

Direita mantém planos para 2026 e ignora críticas de Eduardo

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A presença de três governadores apontados como potenciais herdeiros políticos de Jair Bolsonaro (PL) intensificou o descontentamento no círculo familiar do ex-presidente perante seus principais aliados fora do partido. Apesar das críticas, líderes do espectro político de direita optaram por desconsiderar os comentários feitos por Eduardo Bolsonaro ( à direita na imagem mencionada) e Carlos Bolsonaro, enquanto aguardam o desfecho do julgamento da trama golpista e se preparam para as eleições presidenciais de 2026.

Durante a festividade do Peão de Barretos (SP), os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), trocaram elogios em entrevista coletiva no último sábado (23/8). O encontro foi interpretado como um ensaio para as eleições de 2026 sem a participação direta de Bolsonaro. Em determinado momento, Caiado afirmou que um desses três governadores poderá ocupar o Palácio do Planalto.

Essa movimentação ocorre dias após a Polícia Federal divulgar conversas entre Eduardo e seu pai, contidas no relatório que fundamenta o indiciamento deles por coação no processo da ação penal relacionada ao golpe de Estado. Nas mensagens trocadas, o deputado federal zomba da posição de Tarcísio nas pesquisas e critica Bolsonaro por não o apoiar publicamente e sim endossar o governador paulista.

Após o evento em Barretos, Eduardo compartilhou uma postagem na qual critica os “caciques partidários” que “se reúnem em clima festivo discutindo a repartição de ministérios em um provável governo de Tarcísio”. Por sua vez, Carlos Bolsonaro compartilhou dados da Paraná Pesquisas que mostram o ex-presidente empatado no primeiro turno com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reafirmando que seu pai é um perseguido político e que as ações legais contra ele foram orquestradas para que todos sigam um jogo ditado por facções atualmente no poder no Brasil.

Mesmo com a escalada de tensões, presidentes de partidos consultados reservadamente afirmaram que não planejam confrontar diretamente os filhos do ex-presidente, mas também não irão recuar nas articulações para fortalecer a direita visando a vitória em 2026, mesmo em um cenário sem Bolsonaro.

O consenso é de que Bolsonaro não escolherá um candidato tão cedo, por isso a direita tem se organizado pensando em uma diversidade de candidaturas no primeiro turno, para depois unificar-se no segundo, na figura que se mostrar mais competitiva.

Ronaldo Caiado lançou pré-candidatura em abril em Salvador (BA), enquanto Romeu Zema escolheu São Paulo para oficializar sua intenção de concorrerà Presidência. Tarcísio, entretanto, mantém discrição e não confirma publicamente sua candidatura. Diferentemente de Zema e Caiado, o governador paulista está cumprindo seu primeiro mandato e pode tentar a reeleição.

A postura de Eduardo Bolsonaro, que reside nos Estados Unidos articulando por sanções contra autoridades brasileiras, é vista pelos aliados como uma tentativa de desgastar outros concorrentes e fortalecer sua posição para ser o sucessor político do pai.

Em nova postagem nas redes sociais, ele afirmou ser “estranho” não constar no levantamento da Paraná Pesquisas divulgado recentemente. Carlos Bolsonaro afirmou que a ausência de Eduardo na pesquisa indica manipulação por parte dos responsáveis.

Um parlamentar aliado declarou que o círculo próximo a Eduardo tem reprimido qualquer menção a candidaturas alternativas, o que é desfavorável para o grupo Bolsonaro. Disse ainda que o antagonismo criado por Eduardo torna inviável seu retorno ao Brasil para disputar eleição alguma.

Eduardo Bolsonaro mudou-se para o Texas em março deste ano, recebendo apoio financeiro do pai. Desde então, tem circulado nos gabinetes do governo de Donald Trump em Washington D.C., participando de reuniões sobre a política tarifária.

O tom agressivo adotado por Eduardo causa estranhamento até entre aliados antigos que expressam reservas sobre suas críticas e sanções, temendo que isso possa prejudicar a imagem da direita frente às eleições de 2026. Nas últimas semanas, ele e seu aliado Paulo Figueiredo têm aumentado a pressão sobre o Brasil, mirando, além de ministros, também os presidentes da Câmara e do Senado com ameaças de sanções.

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