Mais de 200 diplomatas europeus, incluindo 110 ex-embaixadores, expressaram, nesta terça-feira (26), em uma carta conjunta, sua reprovação às ações ilegais de Israel em Gaza e na Cisjordânia, pedindo que os países da União Europeia adotem medidas imediatas.
O documento apresenta nove propostas que buscam mobilizar apoio dentro e fora da UE para proteger e garantir o cumprimento do direito internacional. Essas ações complementam outras previamente apresentadas por um grupo de 58 diplomatas em carta divulgada em julho.
- Suspensão das licenças de exportação de armas;
- Proibição do comércio de bens e serviços com assentamentos ilegais;
- Proibição de centros de dados europeus de processar informações do governo israelense ou de empresas relacionadas às atividades em Gaza e territórios ocupados.
A carta destaca preocupações com o avanço de assentamentos judaicos na Cisjordânia e ações de colonos, rejeitando a construção de 3,4 mil unidades habitacionais na área E1, que poderia isolar Jerusalém Oriental e dificultar a implementação da solução de dois Estados.
O texto também condena o assassinato do ativista palestino Odeh Hathalin, que colaborou como consultor no documentário vencedor do Oscar, No Other Land, morto por um colono judeu em julho.
Os signatários ressaltam as dificuldades para obter um acordo de cessar-fogo, a ausência de uma solução para libertar reféns israelenses, os planos para evacuação da Cidade de Gaza e o deslocamento de cerca de um milhão de palestinos para o sul do território.
Bloqueio da ajuda humanitária
A carta aponta que o governo israelense tem impedido a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio) e outras 100 organizações internacionais de prestar assistência desde março, bloqueando entregas enquanto prioriza a militarização da ajuda humanitária pela organização americana GHF (Gaza Humanitarian Foundation).
Essa organização foi criada em fevereiro de 2025 para distribuir ajuda em Gaza, mas o documento a classifica como uma violação dos princípios humanitários da ONU, relacionada à morte e ferimento de milhares de palestinos que buscaram assistência.
Impactos e apelo à UE
Os diplomatas mencionam ainda restrições à atuação de jornalistas internacionais, com registro de pelo menos 200 profissionais mortos desde o início do conflito em outubro de 2023.
A situação alimentar em Gaza é crítica, com cerca de 500 mil pessoas em risco de morrer e 132 mil crianças menores de cinco anos enfrentando ameaça de desnutrição até junho de 2026.
O documento finaliza com um apelo à União Europeia para que tome ações concretas para defender seus valores, preservar a credibilidade internacional e manter o apoio do Sul Global. Segundo os signatários, a inação enfraquece a posição da UE em outros conflitos, como a guerra na Ucrânia.