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sábado, 15/11/2025




Diplomatas Avançam nas Negociações da COP30 em Belém

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Este sábado (15/11) deveria ser um dia sem compromissos formais na Conferência do Clima de Belém, a COP30. Contudo, impasses importantes permanecem nas negociações, e os diplomatas de 194 países participantes seguirão reunidos pelo menos até a tarde de hoje.

O objetivo é definir um texto final para as negociações antes da chegada dos ministros de Estado, prevista para segunda-feira (17).

No segmento de alto nível da conferência, cerca de 160 ministros devem assumir a liderança das delegações em Belém – momento crucial para as decisões políticas do evento até a próxima sexta-feira. O trabalho diplomático desta primeira semana tem sido intenso para resolver o máximo possível de divergências e aumentar as chances de um acordo ao final.

Os bloqueios não são uma surpresa: é o momento em que cada país expressa suas reivindicações e mantém suas cartas ocultas para a reta final do acordo.

Em um balanço na noite da sexta-feira (14), a negociadora-chefe da delegação brasileira, Liliam Chagas, afirmou que os diálogos têm sido “nervosos” e parecidos com uma “montanha-russa”, mas destacou avanços em vários temas, incluindo questões-chave como a transição justa — garantindo condições especiais para países menos desenvolvidos reduzirem suas emissões — e a adoção de parâmetros para adaptação às mudanças climáticas, prioridades para a presidência brasileira do evento.

A resistência maior vem dos países africanos, que preferem estender as discussões sobre essas métricas pelos próximos dois anos para uma decisão na COP32, na Etiópia. Eles buscam garantias de que os indicadores sejam aplicáveis às nações mais pobres e que haja financiamento para isso.

Segundo Alexandre Prado, especialista em mudanças climáticas da WWF Brasil e observador do processo, “o ótimo é inimigo do bom”. Para esses países, o ideal seria fechar daqui a dois anos, mas o risco é não fechar e prolongar indefinidamente as negociações. Ele defende que se alcance um acordo sobre o que já está bom para começar a trabalhar, podendo melhorar pontos específicos depois.

Foco na Natureza e nas Comunidades Dependentes

Ao final da primeira semana, a implementação das promessas climáticas feitas pelos países foi destaque. Florence Laloë, diretora global de Política Climática da Conservation International, ressaltou que é essencial tornar a implementação visível, pois as negociações estão se encaminhando para uma conclusão, e o foco agora é acelerar as soluções que já funcionam.

A COP30 aproxima as complexas negociações da vida real, integrando o clima à biodiversidade — anteriormente tratados separadamente na diplomacia. É uma conferência voltada para a natureza, incluindo a atenção aos povos indígenas, comunidades locais e populações que dependem desses ecossistemas para sobreviver, enfatizou Florence Laloë.

Desafios no Financiamento

As duas pautas principais dependem do desbloqueio do financiamento climático dos países desenvolvidos para as nações em desenvolvimento — tema delicado que gerou debates acalorados na COP. Outro ponto sensível é a redução da dependência dos combustíveis fósseis, proposta pelo Brasil, ainda rejeitada por grandes produtores de petróleo, liderados pela Arábia Saudita, que sequer aceitam discutir o assunto na plenária.

Alexandre Prado se mostra esperançoso em relação ao progresso, destacando que temas antes não discutidos, como o afastamento dos combustíveis fósseis e o caminho para eliminar o desmatamento, agora são considerados.

A agenda oficial ainda apresenta fricções. No primeiro dia, os participantes concordaram nas linhas gerais das discussões, mas ainda não há decisão sobre quatro subtemas cruciais: compromissos climáticos atualizados, financiamento, aumento da transparência e medidas unilaterais de comércio baseadas em critérios ambientais, como emissões e desmatamento.




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