Consideradas veteranas no mercado de tecnologia, as duas companhias abriram capital na semana passada
Duas aberturas de capital movimentaram a bolsa de valores brasileira na semana passada. A Intelbras estreou na quinta-feira (4). No dia seguinte foi a vez da Mosaico ter seus papéis negociados em pregão. Em comum, as duas companhias são consideradas veteranas do mercado de tecnologia. São empresas consolidadas, com anos de experiência e que já sobrevivem com as próprias pernas. Por que, então, buscar capital? E ainda mais com uma oferta pública de ações (IPO)?
A resposta para essas duas perguntas pode ser dada de diferentes formas. O primeiro ponto é analisar o momento atual da bolsa de valores brasileira. Somente em 2020 foram realizados 28 IPOs. O número é o maior já registrado pela B3 desde 2007. Para este ano, a previsão é de que o número de ofertas públicas iniciais fique próximo de 40. Com taxas de juros baixas, a busca por opções mais arriscadas de investimento aumentou. E isso atrai as empresas para a bolsa e os investidores para o balcão.
Este movimento já foi observado em outros tipos de investimentos em empresas, como a compra de participações em investimentos-anjo ou a entrada em fundos de capital de risco. “A queda da taxa Selic pode fazer com que investidores busquem investimentos de mais risco”, disse Giácomo Diniz, professor de finanças no Ibmec-SP, em entrevista no ano passado. “Vai ter uma parcela que talvez se interesse em investimentos de startups. Mas é importante ressaltar que este é um dos investimentos mais arriscados.
O IPO da Mosaico marcou uma nova etapa para a companhia que foi fundada com apenas um investimento de 10 mil reais e que já vale quase 5 bilhões de reais. Controladora de marcas como Zoom (o serviço de comparação de preços), Buscapé e Bondfaro, a companhia viu o valor das ações dobrar durante a estreia na B3. Com o movimento, a empresa captou 1,1 bilhão de reais, dos quais cerca de 580 milhões de reais correspondem a oferta primária de ações (em que os recursos vão diretamente para o caixa).
Fundada em 1995, a Mosaico já é lucrativa desde 2014. No 3º trimestre de 2020, a empresa registou faturamento bruto de 66,4 milhões de reais, alta de 175% ante o mesmo trimestre do ano anterior. Já o lucro líquido de 11 milhões de reais (480% maior do que o registrado no mesmo trimestre de 2019) e Ebitda de 18 milhões de reais, com margem próxima de 32%. Ao fim de setembro do ano passado, a Mosaico registrava 19,3 milhões de reais em caixa – um valor bem inferior aos 580 milhões que foram injetados com o IPO.
No plano Mosaico, a maior parte dos recursos (algo em torno de 90%) deve ser destinada para a área de comércio eletrônico. A ideia é ampliar a participação das marcas controladas pela companhia no e-commerce. A estratégia é apostar na expansão das verticais de negócios e no investimento em tecnologia. Isso, pelo menos, é o que detalha a empresa em seu prospecto de abertura de capital que especifica detalhes da empresa para os possíveis investidores antes do IPO.