A decisão inédita da Dinamarca de adquirir armas de longo alcance gerou uma forte reação do governo russo e intensificou o debate sobre a segurança nacional. Em entrevista à imprensa, a primeira-ministra Mette Frederiksen afirmou que o país precisa estar preparado para enfrentar ameaças reais.
Esse investimento bilionário, realizado sem o apoio direto dos Estados Unidos, representa uma mudança significativa na postura militar da Dinamarca e aumenta as tensões no cenário europeu.
Dois dias após o anúncio oficial, continuam os desdobramentos dessa decisão histórica, com a Dinamarca rompendo pela primeira vez com sua tradição militar defensiva para reconhecer a necessidade de se preparar contra a ameaça russa.
Mette Frederiksen destacou: “A Rússia está nos testando, avaliando nossa unidade. Não há dúvidas de que continuará sendo uma ameaça à Dinamarca e à Europa por muitos anos”.
A resposta do governo russo foi severa. O embaixador russo em Copenhague, Vladimir Barbin, qualificou a decisão como exagerada e acusou a Dinamarca de se preparar para um confronto direto com uma potência nuclear. “Ninguém jamais considerou ameaçar publicamente uma potência nuclear. Essas declarações serão levadas em consideração”, declarou em nota oficial.
O governo dinamarquês explicou que a compra de mísseis e drones de alta precisão tem um objetivo dissuasivo. A ação está alinhada à estratégia da OTAN de fortalecer a defesa aérea em múltiplas camadas — interceptando ameaças ainda no ar e neutralizando meios de ataque ainda no território inimigo.
O investimento está estimado em cerca de 50 bilhões de coroas dinamarquesas, equivalente a mais de 35 bilhões de reais.
Segundo o ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, trata-se de uma medida puramente defensiva: “Estamos adquirindo armas que jamais deverão ser usadas”.
O comandante das Forças Armadas, Michael Wiggers Hyldgaard, reforçou que os sistemas de longo alcance são essenciais para garantir uma defesa sólida e impedir que ameaças alcancem o solo dinamarquês.
Especialistas afirmam que a resposta russa busca influenciar o debate interno e plantar dúvidas sobre a decisão da Dinamarca, algo esperado diante do contexto estratégico atual.
Além disso, analistas dizem que a atual situação faz com que os países membros da OTAN busquem maior autossuficiência, uma vez que não podem mais depender integralmente dos Estados Unidos.