A Dinamarca começa nesta terça-feira (1º/7) sua presidência rotativa no Conselho da União Europeia, assumindo a responsabilidade de liderar a definição da agenda e das prioridades políticas do bloco pelos próximos seis meses. Diante do novo cenário geopolítico global, Copenhague pretende concentrar esforços em temas como segurança e defesa, transição ecológica e competitividade.
Na quarta-feira (2/7), a Comissão Europeia anunciará uma nova meta climática para 2040, propondo uma redução de 90% nas emissões da União Europeia em relação aos níveis de 1990.
A Dinamarca terá papel fundamental nas negociações para a transição ecológica, mesmo com resistência de alguns governos, que buscam apoio à pauta ambiental em troca de concessões ou flexibilidade.
Bruxelas avalia estabelecer metas menos rígidas para a indústria doméstica e permitir a compra de créditos internacionais de carbono para atingir o objetivo de 90%. Entidades ambientais defendem que a União Europeia deve alcançar a neutralidade climática até 2040.
O ministro dinamarquês do Clima e Energia, Lars Aagaard, enfrentará o desafio de equilibrar uma agenda climática ambiciosa com a necessidade de evitar que a saída dos EUA do Acordo de Paris atrase os avanços feitos.
Como líder no combate ao aquecimento global, a Dinamarca é o único país cujas cidades já possuem planos para alcançar a neutralidade de carbono até 2050. O país será responsável por apresentar as metas de redução de emissões da União Europeia na COP30, em Belém, em novembro.
Fortalecer a segurança europeia
Meses após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Dinamarca realizou um referendo histórico que aprovou a adesão à política de segurança e defesa da União Europeia, da qual se manteve à margem por 30 anos.
Recentemente, o país anunciou que deixará sua postura moderada em relação ao orçamento do bloco, buscando reforçar a defesa europeia contra a Rússia. “Se a Europa não conseguir se proteger e se defender, será o fim do jogo”, afirmou a primeira-ministra Mette Frederiksen.
As negociações para o orçamento do período 2028-2034 começarão após o verão europeu, e a Dinamarca não fará mais parte do grupo conhecido como os “Frugais” — composto por Suécia, Holanda e Áustria — que defende políticas fiscais restritivas. A presidência dinamarquesa da UE enfrentará grande pressão para colaborar com Bruxelas na busca por recursos que garantam o aumento das despesas com defesa para 5% do PIB, conforme prometido pelos aliados da Otan.
Segundo Mette Frederiksen, “é uma grande oportunidade para um país pequeno, como a Dinamarca, abrir caminho para uma Europa mais forte” num momento decisivo para o continente.
A disputa pela Groenlândia
Nos bastidores de Bruxelas, circula uma piada sobre a Dinamarca assumir o comando do bloco europeu, que não deve ser revelada ao presidente americano Donald Trump. Desde seu retorno ao poder, Trump ameaça anexar a Groenlândia, um território ultramarino semi-autônomo pertencente à Dinamarca, que é rico em recursos minerais e estrategicamente localizado no Ártico.
Recentemente, a Casa Branca mudou a estratégia, transformando sua intenção de anexação em um plano formal para compra da ilha. O jornal The New York Times destacou que Trump, ex-empresário do setor de construção de Nova York, poderia considerar a aquisição da Groenlândia como um dos maiores negócios imobiliários da história.
Para a primeira-ministra Mette Frederiksen, cabe à Groenlândia decidir seu futuro. Há alguns meses, as tensões políticas deram espaço a uma proposta bem-humorada dos dinamarqueses, que sugeriram comprar a Califórnia por US$ 1 trilhão para renomeá-la como Nova Dinamarca, e trocar o nome da Disneylândia para Hans Christian Andersenland, em homenagem ao renomado escritor dinamarquês.