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quinta-feira, 27/11/2025




Diminuir 30% do consumo de cigarro pode evitar 139 mil mortes no Brasil em 10 anos

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CLÁUDIA COLLUCCI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Se o Brasil conseguir reduzir em 30% o uso de cigarros nos próximos dez anos, poderá evitar 139 mil mortes causadas pelo tabagismo e economizar mais de R$ 170 bilhões, segundo um estudo divulgado no Dia Nacional de Combate ao Câncer.

O tabagismo é responsável por 25% das mortes por câncer no mundo. O estudo, feito pelo Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria (IECS), da Argentina, a pedido da ACT Promoção da Saúde, destaca que a melhor forma de diminuir o consumo é manter o preço do cigarro alto e ajustado regularmente, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Banco Mundial.

Após oito anos sem aumento, o preço mínimo do cigarro no Brasil subiu de R$ 5,00 para R$ 6,50 em 2023, mas ainda está abaixo do ideal. Segundo a Receita Federal, considerando a inflação e o crescimento da renda, o preço deveria ser R$ 11,88 em março de 2024. Essa diferença tornou o cigarro mais barato e acessível, o que contribuiu para o aumento do número de fumantes, conforme o Vigitel 2024, afirma Mariana Pinho, coordenadora do projeto de controle do tabaco da ACT Promoção da Saúde.

Mariana Pinho destaca que as alíquotas dos impostos sobre o cigarro devem ser altas o suficiente para encarecer o produto e diminuir o consumo. Ela ressalta que o governo tem condições para implementar medidas mais eficazes.

Para pressionar por políticas mais fortes, a ACT e a Vital Strategies lançaram a campanha “O Barato que Sai Caro”, com ações nas redes sociais, rádios e painéis eletrônicos. A campanha defende reajuste anual do preço mínimo e aumento dos impostos específicos para produtos de tabaco.

Essa discussão ocorre dentro da reforma tributária, que incluiu os cigarros em um novo imposto seletivo, destinado a desestimular produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Uma pesquisa do Datafolha mostra que 74% da população apoia reajustes anuais no preço do cigarro.

Segundo os pesquisadores, a defasagem no preço do cigarro afeta diretamente as doenças e mortes evitáveis. O imposto não serve apenas para arrecadação: “Medidas fiscais salvam vidas, especialmente entre jovens e grupos vulneráveis”, destacam.

Atualmente, 9,3% dos adultos brasileiros fumam. O tabagismo provoca 486 mortes por dia, totalizando 177 mil por ano, e representa 11,3% dos óbitos em pessoas com mais de 35 anos.

As doenças causadas pelo cigarro continuam sendo as principais causas de adoecimento no país. Em 2025, o Brasil deve registrar 1,68 milhão de casos ligados ao tabaco, incluindo diabetes tipo 2, doença pulmonar obstrutiva crônica, vários tipos de câncer, problemas cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.

O impacto econômico é igualmente grande, com R$ 160 bilhões em perdas anuais, equivalendo a 1,36% do PIB. São considerados gastos médicos diretos e perdas de produtividade devido à morte prematura e incapacidades.

Em 2025, a arrecadação com impostos federais sobre cigarros foi de R$ 8 bilhões, cobrindo apenas 5,2% das perdas causadas pelo tabagismo, segundo o estudo.

As projeções mostram que reduzir o consumo em 30% em uma década evitaria:

  • 139.154 mortes
  • 96.754 eventos cardíacos
  • 79.897 acidentes vasculares cerebrais (AVCs)
  • 66.502 novos casos de câncer
  • 222.939 casos de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

Economicamente, os ganhos seriam de R$ 171,1 bilhões, com R$ 150 bilhões em economias de custos evitados, incluindo R$ 71,2 bilhões em gastos médicos diretos.

O tabagismo causa perda anual de mais de 5,8 milhões de anos de vida devido a mortes prematuras e incapacidades relacionadas.

O estudo do IECS complementa trabalhos anteriores sobre doenças, mortes e custos relacionados ao consumo de tabaco e também apoia pesquisas do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Os resultados foram obtidos a partir de um modelo matemático que calcula a probabilidade de adoecer ou morrer por doenças ligadas ao tabaco.

O modelo é uma simulação que acompanha a evolução das pessoas ao longo do tempo, considerando a história das doenças, custos médicos, perdas de produtividade e qualidade de vida.




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