Um jovem de 18 anos, preso em Águas Claras por envolvimento com o tráfico de drogas, escreveu em seu diário apreendido pela Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) sobre o sonho de melhorar sua vida. Ele expressou seu desejo de deixar para trás o mundo do crime para alcançar sucesso e conforto: “Não quero fazer nada errado, mas quero conquistar uma vida boa, roupas de marca e dinheiro. Como posso conseguir isso?”, questionava-se.
Em outro trecho, o jovem refletia sobre a forma rápida de ganhar dinheiro, além de relatar sentimentos de solidão e problemas familiares: “Não tenho alguém para conversar sobre minha situação em casa, mas acredito que tudo vai melhorar. Estou passando por uma fase difícil e estou muito frustrado com a vida.”
O diário também detalha seus ganhos e despesas mensais:
- Renda: R$ 1.050,00
- Cartão Inter: R$ 120,00
- Cartão Nubank: R$ 107,00
- Saldo restante: R$ 822,00
- Investimentos em Forex: R$ 550,00
- Despesas com lazer e autocuidado: R$ 220,00
Ele finaliza o texto mostrando seu medo e raiva, lamentando a distância dos amigos e familiares: “Minha vida está um desastre, muitos me veem como criminoso, perdi amizades e a relação com minha família está distante.”
O jovem residia em um condomínio de alto padrão em Águas Claras com seu irmão gêmeo e foi detido em 14 de outubro por tráfico de drogas. No local, policiais encontraram drogas como haxixe, maconha e comprimidos de ecstasy, armazenados para venda. As comercializações eram feitas através das redes sociais, chegando a consumidores jovens e de alto poder aquisitivo na região.
Segundo as investigações, ele é filho de um servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), residente em Taguatinga. Ele relatou em seu diário o distanciamento familiar e a falta de diálogo: “As pessoas me enxergam como criminoso”, escreveu, numa expressão de ironia diante da situação.
O jovem foi encaminhado à Cord e autuado em flagrante por tráfico de entorpecentes conforme o artigo 33 da Lei 11.343/2006. As drogas apreendidas serão analisadas e as autoridades continuam investigando outros envolvidos no esquema.