Em maio, o gás carbônico acumulado na atmosfera atingiu um novo recorde histórico, apesar da queda na atividade econômica com o coronavírus
O mundo celebra hoje o dia mundial do meio ambiente. Este ano, no entanto, não há motivo para comemoração. Em meio à maior pandemia do século, a pauta do meio ambiente parece ter sido deixada de lado.
Nem mesmo a queda nas emissões, provocada pela paralisação de boa parte da atividade econômica, pode ser considerada uma boa notícia, uma vez que que, em maio, o gás carbônico acumulado na atmosfera atingiu um novo recorde histórico, de 417 partes por milhão. Segundo cálculos do governo americano, é o nível mais alto em milhões de anos.
No Brasil, a derrubada de florestas continua a aumentar. Dados divulgados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), mostram que o desmatamento na Amazônia cresceu 171% em abril. Foram destruídos 529 km² de florestas, a maior área em 10 anos. O cenário já está causando problemas para o País. Ontem, a Holanda rejeitou o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia por conta de preocupações ambientais.
Na Inglaterra, uma investigação feita pelo jornal The Guardian, pelo Greenpeace e por um consórcio de jornalistas acusou os três maiores frigoríficos brasileiros, JBS, Minerva e Marfrig, de comprar gado proveniente de áreas desmatadas. O Partido Trabalhista tenta aprovar uma lei para regulamentar a compra de produtos agrícolas provenientes de desmatamento, o que deve afetar as exportações nacionais.
Diante da inoperância do governo em conter o desmatamento, um grupo formado por ONGs, integrantes do Ministério Público e de partidos políticos irá anunciar, às 11h, uma série de medidas legais contra as políticas ambientais do governo Bolsonaro.
As ações serão impetradas no Supremo Tribunal Federal e na Justiça Federal. Com a possibilidade de reabertura dos negócios, os ambientalistas prometem intensificar os trabalhos para incluir a pauta climática nos planos de recuperação econômica.