O Dia das Crianças está chegando e muitas pessoas estão procurando presentes para os pequenos. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), essa data deve gerar quase R$ 10 bilhões em vendas no comércio brasileiro. Se essa previsão se confirmar, será o maior valor movimentado nos últimos dez anos, superando os R$ 9,85 bilhões do ano passado.
Na região do Distrito Federal, a expectativa também é positiva. Uma pesquisa do Instituto Fecomércio-DF mostrou que 66,2% dos consumidores locais planejam comprar presentes para o Dia das Crianças. O gasto médio esperado é de R$ 232,67, um aumento de 9,8% comparado a 2024, que foi de R$ 211,90. Além disso, espera-se que as vendas cresçam cerca de 10% na capital.
No entanto, mesmo com o valor alto previsto, fatores como juros altos e o aumento da inadimplência podem limitar um crescimento maior nas vendas. Segundo **José Roberto Tadros**, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, a inflação elevada e os juros altos, os maiores em 20 anos, são os principais motivos para o crescimento modesto, estimado em apenas 1,1% em relação a 2024.
A CNC considera o Dia das Crianças como o terceiro evento mais importante para o comércio, atrás apenas do Natal, que movimentou R$ 72,8 bilhões, e do Dia das Mães, que teve R$ 14,5 bilhões em 2025. **Fabio Bentes**, economista-chefe da CNC, comenta que esta data serve como um indicador para o último trimestre do ano, que costuma ser aquecido pelas festas de dezembro.
O preço dos produtos relacionados ao Dia das Crianças deve subir em média 8,5% em relação a 2024. Os setores que mais se destacam na data são roupas e calçados, que devem representar 27% do total (R$ 2,71 bilhões), seguidos por eletrônicos e brinquedos (26% ou R$ 2,66 bilhões) e perfumaria e cosméticos (22% ou R$ 2,15 bilhões).
O aumento dos preços será puxado principalmente por alimentos, como chocolates (+24,7%), doces (+13,9%) e lanches (+10,9%). Brinquedos e roupas, itens mais vendidos na data, terão uma alta menor, próxima a 4,6%, que é a variação geral dos preços.
Cenário difícil
A taxa básica de juros está no maior nível dos últimos 20 anos, atingindo 15% ao ano, o que encarece o crédito para os consumidores. A taxa média para empréstimos está em seu maior patamar para julho desde 2017, chegando a 57,65% ao ano, conforme dados do Banco Central.
Este aumento dos juros causa uma desaceleração na busca por crédito, além de elevar a inadimplência das famílias. A CNC informa que 30,4% das famílias têm contas atrasadas, o maior índice desde 2010, quando a pesquisa sobre endividamento e inadimplência começou.
Vendas no Distrito Federal
Em Brasília, os comerciantes têm uma visão mista sobre as vendas para o Dia das Crianças. Mais da metade, 53,6%, acreditam que vão vender mais do que no ano anterior, enquanto 24% esperam uma queda, e 22,4% acham que as vendas serão iguais. Esse otimismo tem diminuído desde 2022. Entre os que preveem queda, 84,3% atribuem isso à crise econômica, enquanto os otimistas destacam o impacto positivo da data nas vendas (26,1%).
**José Aparecido Freire**, presidente do Sistema Fecomércio-DF, destaca que os dados mostram cautela devido aos altos juros, inadimplência e dificuldades no acesso ao crédito, mas que ainda há potencial para crescimento de até 10% nas vendas, impulsionado pela vontade dos consumidores de comprar presentes e pelo aumento do valor médio gasto, mostrando a importância da data para o comércio local.
Os brinquedos são os presentes mais populares em Brasília, representando 42,6% das compras, seguidos por roupas (23,5%), calçados (11,3%), chocolates e trufas (5,1%), livros e material escolar (3,2%) e cosméticos (3%). A maioria das compras deve ser feita em lojas físicas, como as de rua e shoppings, juntos somando cerca de 66,2% das preferências.
Na forma de pagamento, a maioria dos consumidores pretende pagar na hora da compra, preferindo Pix ou transferência (28,9%), cartão de débito (16,9%) e dinheiro (15,4%), que juntos somam 61,2% das escolhas.