O Distrito Federal está próximo de alcançar um grande avanço na saúde pública: eliminar a transmissão da sífilis de mãe para filho, que ocorre durante a gravidez ou no parto. Esse progresso é resultado de ações contínuas de prevenção, testes e tratamento realizados pela rede pública, que tem fortalecido o acompanhamento das gestantes e o controle da infecção durante toda a gestação.
Em 2024, a taxa de sífilis congênita foi de nove casos a cada mil nascidos vivos, abaixo da média nacional de 9,6. Houve uma redução de 13,5% em comparação ao ano anterior, uma das maiores quedas do país. Esse sucesso reflete a realização de testes precoces no pré-natal, tratamento adequado das gestantes e seus parceiros, e uma colaboração eficiente entre a Atenção Básica e a Vigilância em Saúde.
O Brasil adaptou um modelo internacional para certificar estados e municípios com mais de 100 mil habitantes
A taxa de detecção de sífilis em gestantes foi de 34,6 por mil nascidos vivos, também inferior à média do país, que é 35,4. Esses números indicam que o DF está rompendo a cadeia de transmissão da doença com diagnóstico veloz e acompanhamento constante.
Em 2024, Brasília está entre as capitais com menor incidência de sífilis adquirida em relação à média nacional, que registra 119,1 casos por 100 mil habitantes. Outras cidades com índices baixos são Aracaju, Porto Alegre, Fortaleza, Macapá, Belém e Teresina.
A transmissão vertical acontece principalmente pela placenta e também pode ocorrer no parto, pelo contato direto com feridas. Sem o tratamento correto durante a gravidez, a sífilis pode causar aborto, morte fetal, parto prematuro, morte do recém-nascido e sequelas graves.
O processo de certificação para eliminar a transmissão vertical faz parte de um programa mundial da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O Brasil adotou esse modelo para reconhecer estados e municípios com mais de 100 mil habitantes, abrangendo também o HIV, hepatite B, doença de Chagas e futuramente o HTLV.
Controle do HIV
O Distrito Federal já conta com certificação pela eliminação da transmissão vertical do HIV. No país, 151 municípios e sete estados receberam algum selo ou certificação, totalizando 228 certificações municipais ativas, sendo 139 relacionadas ao HIV.
Daniela Magalhães, referência técnica em vigilância da sífilis no DF, explica: “Nos últimos anos, mantivemos a meta do Ministério da Saúde e da Opas de zero crianças infectadas. A transmissão só ocorre quando a gestante não faz o tratamento ou em casos de amamentação com a doença ativa. Essa redução é fruto de muito trabalho no pré-natal, ampliação da testagem rápida e tratamento adequado.”
Em 2023, o Brasil registrou a menor taxa de mortes por aids desde 2013, com 3,9 óbitos por 100 mil habitantes. A cobertura do pré-natal alcançou recorde, com mais de 95% das gestantes fazendo ao menos uma consulta e testando para HIV. As gestantes que vivem com HIV tiveram acesso imediato ao início do tratamento.
