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quinta-feira, 26/06/2025




DF amplia atuação internacional com exportações inovadoras e variedade de produtos

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Mesmo diante de um cenário de retração no comércio exterior em 2024, o Distrito Federal conseguiu diminuir o déficit comercial e expandir sua participação em nichos específicos de exportação. Conforme o Boletim do Comércio Exterior divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF), o saldo negativo da balança comercial foi de US$ 1,33 bilhão, representando uma melhora em comparação aos anos anteriores, apesar de uma queda de 25,6% em relação a 2023.

A corrente de comércio, que agrega exportações e importações, movimentou US$ 1,93 bilhão no ano, mostrando uma retração de 23,7%. Ainda assim, setores como moda, alimentação e agricultura familiar indicam alternativas à tradicional concentração da pauta comercial em commodities.

O volume total exportado pelo DF em 2024 foi de US$ 298,8 milhões, o que representa uma queda de 19,1% em comparação a 2023. A soja manteve-se como o principal produto exportado, representando 34% do total, mas teve redução de 25,8% no valor e 8,8% no volume.

O DF também conquistou posições de destaque no mercado externo. Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que cinco produtos concentraram 78,9% do valor exportado: soja (US$ 101,5 milhões), pedaços e miudezas de frango (US$ 48 milhões), querosene de aviação (US$ 43,5 milhões), peitos desossados de frango (US$ 21,8 milhões) e carnes não cortadas de galinha (US$ 20,8 milhões).

Além da concentração nos setores agropecuário e de combustíveis, o IPEDF destaca o surgimento de novos protagonistas. O DF liderou as exportações nacionais de saias de malha feitas de fibras sintéticas no terceiro trimestre, além de alcançar a segunda posição na exportação de massa para pão e a terceira em morangos frescos, produtos valorizados e representativos da agricultura familiar.

Segundo Francisca Lucena, diretora de Estatística e Pesquisas Socioeconômicas do IPEDF, o boletim destaca que, embora represente menos de 1% das exportações e importações nacionais, o comércio internacional do Distrito Federal tem papel importante na economia local, mobilizando diversos setores e produtos, especialmente em nichos como carnes de galináceos e soja.

Em 2024, o Distrito Federal exportou 338 produtos diferentes para 121 países, consolidando-se como um centro com diversidade em destinos e produtos.

A China foi o maior destino, adquirindo quase 80% da soja brasiliense, enquanto a Arábia Saudita permaneceu como principal compradora das carnes de frango, com movimentação superior a US$ 64 milhões. O bloco asiático teve papel relevante na corrente de comércio, especialmente no agronegócio.

Especialistas veem na diversificação de mercados um fator crucial para a sustentabilidade da balança comercial nos próximos anos. O crescimento em nichos específicos também tende a reduzir a vulnerabilidade do DF às oscilações globais de preços de commodities, que continuam instáveis.

Importações pela indústria farmacêutica

Por outro lado, o DF importou US$ 1,63 bilhão em 2024, uma queda de 24,5% em relação ao ano anterior. Essa redução deve-se principalmente à diminuição de custos e demanda por insumos industriais, especialmente na área da saúde, no segundo semestre.

A produção de produtos farmacêuticos, químicos, medicinais e botânicos representou 84% das compras internacionais, totalizando US$ 1,37 bilhão, reforçando a importância do setor para a economia local, que conta com centros hospitalares, laboratórios e instituições de pesquisa.

Os principais fornecedores foram Alemanha (US$ 372 milhões) e Estados Unidos (US$ 312,6 milhões), juntos responsáveis por mais da metade dos medicamentos e insumos químicos importados pela capital federal.

No total, o Distrito Federal importou 1.715 produtos distintos de 78 países, evidenciando uma base sólida de parceiros comerciais e uma grande dependência tecnológica e científica.

Trimestres irregulares

A variação trimestral da balança comercial apresentou oscilações. O segundo trimestre foi o mais positivo, com US$ 81,3 milhões em exportações e US$ 531,1 milhões em importações. Já o primeiro trimestre registrou os piores números, reflexo da incerteza econômica e da desaceleração da demanda internacional.

O quarto trimestre indicou uma leve recuperação, com aumento de 4,5% em relação ao trimestre anterior, reforçando a necessidade de monitorar as variações sazonais e a dependência em setores estratégicos.

O cenário global também influenciou o comércio brasiliense. Conforme o Banco Mundial, os preços das commodities agrícolas aumentaram 10,3% entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024. Produtos minerais e metálicos subiram 3,5%, enquanto energéticos caíram 3,1%, impactando significativamente o valor das exportações no agronegócio.

Economia criativa e pequenos negócios: o futuro das exportações do DF

O boletim do IPEDF destaca o potencial do DF para crescer em setores criativos e pequenos negócios. O aumento da presença de vestuário, alimentos processados e frutas na pauta exportadora revela espaço para novos protagonistas.

Iniciativas que apoiam a agricultura familiar, o empreendedorismo feminino e os microempreendedores individuais (MEIs) podem ganhar relevância se acompanhadas por políticas públicas de logística, capacitação e certificação internacional.

Francisca Lucena acrescenta que o boletim cumpre um papel fundamental ao fornecer informações para a elaboração de políticas públicas e decisões estratégicas, tanto no setor público quanto privado, identificando oportunidades em mercados pouco explorados e permitindo crescimento sustentado.

Apesar do volume modesto em comparação a outros estados, o Distrito Federal demonstra que é possível conquistar mercados por meio da criatividade, qualidade e foco em nichos específicos. O desafio agora é consolidar essas conquistas como parte de uma estratégia de crescimento a longo prazo.




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