Países como a República Tcheca obrigaram seu uso em espaços públicos, mas o problema pode ser a falta de produtos para profissionais de saúde
Enquanto o número global de infectados pelo coronavírus passa de 1 milhão, governos mundo afora seguem ampliando paulatinamente as políticas de controle.
Nos Estados Unidos, novo epicentro da doença, é esperado para qualquer momento uma nova determinação do centro nacional de controle e prevenção de doenças para que os cidadão usem máscaras sempre que saírem de casa.
Deborah Birx, integrante da equipe de combate ao coronavírus no governo Donald Trump, disse à agência Reuters que a máscara não pode dar às pessoas uma falsa sensação de que estão totalmente protegidas contra a covid-19. Trump, por sua vez, se limitou a dizer ontem que “se as pessoas quiserem usar, que usem”.
O uso das máscaras é um dos temas mais debatidos entre especialistas em saúde pública. Países como a República Tcheca obrigaram seu uso em espaços públicos; na Áustria, elas são obrigadas em supermercados.
Paulo Chapchap, presidente do hospital paulistano Sírio Libanês, disse numa live da série Exame Talks que a máscara, em teoria, é recomendada por quem está com sintomas da doença, e é recomendada inclusive para gripes e resfriados comuns.
Disse, ainda, que a máscara pode também ampliar a proteção de todos, mas que o uso generalizado pode levar a um problema adicional: a falta do equipamento para profissionais de saúde, que estão na linha de frente do combate à pandemia.
Relatos de falta de equipamentos, especialmente da N95, de maior proteção para uso em hospitais, seguem crescendo. Segundo a GloboNews, o sindicatos dos médicos de São Paulo já recebeu 81 queixas de falta de equipamentos. O Brasil consome em média 15 milhões de máscaras N95 por mês, segundo a associação de fabricantes, para uso em hospitais mas também em uma série de outras indústrias.
Nos últimos dias o número de empresas habilitadas para a fabricação do equipamento passou de três para 27, mas faltam as ligações comerciais para que as máscaras cheguem a todos os hospitais.
O Ministério da Saúde fechou 12 contratos para compra de equipamentos de proteção individual. Esperam-se a chegada de 200 milhões de unidades para os próximos dias aos estados. Em São Paulo, detentos estão fabricando máscaras — a produção deve chegar a 4 milhões de unidades nas próximas semanas.
O principal fornecedor do mundo é a China, que produz 90% dos equipamentos, segundo informou ontem o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A corrida para aumentar a importação é global. Nos Estados Unidos, o avião do time de futebol americano New England Patriots foi usado para trazer 1,2 milhão de unidades da N95, nesta quinta-feira.
A página do ministério da Saúde tem dicas de fabricação de máscaras caseiras — a orientação principal é que tenha duas camadas de tecido e que cubra boca e nariz, e seja usada no máximo por duas horas.