O desmatamento na Amazônia aumentou 4% nos últimos 12 meses, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) em 7 de agosto de 2025. Entre agosto de 2024 e julho de 2025, a área sob alerta chegou a 4.495 km², superior aos 4.321 km² do período anterior.
Essas informações são coletadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), utilizando o sistema Deter, que auxilia na identificação de desmatamento em andamento. O Inpe também utiliza outra ferramenta, o Prodes, considerada a mais precisa para medir a perda de vegetação, com dados alinhados ao ciclo das chuvas na Amazônia.
Compromisso com o desmatamento zero
Marina Silva, ministra do MMA, ressaltou o compromisso do Brasil em eliminar o desmatamento até 2030: “Podemos considerar que o desmatamento na Amazônia está estabilizado dentro da margem, mas nosso objetivo é zerar o desmatamento até 2030.” Ela também destacou que zerar o desmatamento não basta para preservar a floresta: “Se continuarmos emitindo CO2, a floresta sofrerá de qualquer forma.”
Entre os estados, Rondônia apresentou redução de 35% nos alertas, enquanto o Pará teve queda de 21%. Em contraste, Mato Grosso registrou aumento de 74%, provavelmente influenciado pelos incêndios do segundo semestre de 2024.
A temporada de queimadas está para se intensificar, com agosto sendo historicamente o mês com maior incidência de incêndios na região. De janeiro a 6 de agosto de 2025, foram registrados 7.738 focos de calor, uma queda de 74% em relação ao mesmo período de 2024, segundo o Inpe.
O Fundo Amazônia aprovou R$ 405 milhões desde 2023 para apoiar brigadas de combate a incêndios nos nove estados da Amazônia Legal, dos quais R$ 370 milhões já foram contratados.
Redução no Cerrado e Pantanal
No Cerrado, houve uma queda de 20,8% na área com alertas de desmatamento, totalizando 5.555 km² de agosto de 2024 a julho de 2025, abaixo dos 7.014 km² do período anterior.
O Pantanal também apresentou redução significativa, de 72%, passando de 1.148 km² para 319 km² sob alerta no mesmo período.
Reações e preocupações
Greenpeace Brasil reconhece avanços no combate ao desmatamento, mas alerta para o enfraquecimento das políticas de licenciamento ambiental. Ana Clis Ferreira, porta-voz da organização, destacou a urgência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetar mudanças legislativas prejudiciais.
O secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, classificou os números ainda como inaceitáveis: “O desmatamento continua em níveis que ameaçam o equilíbrio da floresta. O Brasil precisa alcançar o desmatamento zero, mesmo diante das forças contrárias no Congresso e no governo.”
Impactos das alterações no licenciamento ambiental
A aprovação do projeto de lei 2159/2021, apelidado de “PL da devastação”, está gerando preocupações. O texto, que altera regras do licenciamento ambiental, está sob avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem a responsabilidade de sancionar ou vetar a proposta.
Instituições de pesquisa e defesa ambiental temem que a lei possa agravar o desmatamento. Além disso, projetos como a estrada BR-319, que pode ser liberada de exigência de licenciamento, representam riscos adicionais para a Amazônia caso o veto presidencial não ocorra.