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segunda-feira, 24/11/2025




Desigualdades no mercado de trabalho para mulheres negras

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Em Brasília

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Mulheres negras se mobilizam pela garantia de condições dignas de trabalho.

Representantes do governo, da sociedade civil e de organizações de direitos humanos destacaram recentemente que as jovens mulheres negras enfrentam desigualdade racial e de gênero no mercado de trabalho brasileiro, recebendo salários inferiores e apresentando índices de desemprego maiores do que as jovens brancas.

O debate, promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, ocorreu antes da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras – Por Reparação e Bem Viver, que aconteceu na terça-feira (25).

Um levantamento baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostra que jovens negras ganham 102% menos que jovens brancas. Waldete Tristão, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), apontou que a juventude negra tem maior exposição à informalidade: 40,8% delas em comparação a 32,4% das jovens brancas ocupam vagas informais.

Ela ressaltou que no terceiro trimestre de 2024 a taxa de desemprego entre jovens negras chegou a 16%, o dobro da taxa das jovens brancas, e que 45,7% das mulheres empregadas estavam há menos de um ano no mercado de trabalho.

“Mobilizações sociais e participação política são fundamentais para mudar as desigualdades estruturais de gênero e raça no trabalho,” afirmou Waldete.

Cenário nacional

Waldete explicou que entre as jovens que não estudam, trabalham ou participam de cursos extras, a taxa chega a 26%. Ela reafirmou que isso se deve a barreiras estruturais, não à falta de interesse.

Entre as dificuldades enfrentadas estão conciliar trabalho com cuidados familiares, casamento infantil, gravidez na adolescência e a escassez de oportunidades locais de emprego.

Além disso, o Plano Juventude Negra Viva, do Ministério da Igualdade Racial em colaboração com 18 ministérios, passou a incorporar a dimensão racial devido à vulnerabilidade dessas jovens.

Nailah destacou que a escassez de recursos tem sido desafio constante para políticas públicas de igualdade racial. “Falta recurso para implementar essas políticas históricas,” frisou.

Participação política e questões no trabalho

Existem cotas e normas específicas para ampliar a participação de pessoas negras nas eleições, incluindo distribuição proporcional de recursos e tempo de propaganda. Contudo, diferente das cotas de gênero (mínimo de 30% para mulheres), não há uma cota obrigatória para candidaturas negras.

Nailah também apontou que uma instituição com mais de 130 anos só recentemente criou uma estrutura para tratar discriminação e desigualdades no ambiente de trabalho.

“Estamos atrasados, mas celebrar a discussão dessas desigualdades mostra que o tema finalmente ganhou relevância,” disse ela.




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